Tombam as matas, a terra está deserta
E a madeira de lei pra onde vai?
“Tanta gente sem terra!” – exclama um pai
“Tanta terra sem gente ” – um outro alerta
“Só queremos justiça, não oferta!”
Na história saída, então, nos resta
Mesmo à custa de luta indigesta
Uma pista certeira nos aponta
O Planeta e os pequenos pagam a conta
Quando os grandes prosperam e fazem a festa…
Ferem a terra, e a deixam esburacada
Em jornada tão longa, quase eterna
Com o sim serviçal de quem governa
O que ganham, porém, é quase nada
Empreiteiras enricam na roubada
Ferro, ouro, petróleo extraem desta
Só doença aos pequenos é o que resta
Com penúria o pobre se defronta
O Planeta os pequenos pagam a conta
Quando os grandes prosperam e fazem a festa…
Da saúde do rio o que se diz?
Que está afracando sempre mais
Poluído, seu peixe já não traz
Bem conhecem esse mal pela raiz
Os que vivem do rio ora infeliz
Se o envenenam, sua água pra que presta?
Natureza ofendida, então, desconta…
O Planeta e os pequenos pagam a conta
Quando os grandes prosperam e fazem a festa…
Quanta fé no Pré-sal já se alimenta!
Põe-se nele “a” saída pro Brasil
“Ele vai resolver problemas mil”…
“Da pobreza, a Nação será isenta”…
Propaganda enganosa se fomenta
Muito rico é o País – ninguém contesta
Quanto às massas, têm vida bem funesta
A bem poucos riqueza só desponta
O Planeta e os pequenos pagam a conta
Quando os grandes prosperam e fazem a festa…
Do Pré-sal se promete em vão partilha
Propaganda custosa tem lugar
Parlamento e Governo a divulgar
Que pra todos, enfim, a coisa brilha
– Qual padastro falante engana o filhos –
Por que, então, confiar que a coisa presta
Se a partilha do bolo é desonesta?
Ri de nós, o inimigo, e nos afronta
O Planeta e os pequenos pagam a conta
Quando os grandes prosperam e e fazem a festa…
Vejam o caso da tal Transposição:
Velho Chico agoniza – e tempo faz!
Os que vivem à sua margem não têm paz
Há meio século, e seu grito é em vão
Trinta e cinco por cento da vazão
E o que diz quem da nave está à testa?
Só às multi o Governo atenção presta
E nos pobres o hidro-fúndio monta
O Planeta e os pequenos pagam a conta
Quando os grandes prosperam e fazem a festa…
Não à-toa se apega a burguesia
Apoiada no Estado serviçal
A projetos gigantes como tal
Não se importa se o erário se esvazia
Ou que sobre pro Povo essa sangria
Pois a este, migalha é o que resta
O filé vai pra gente desonesta
Num modelo que a Terra e o Homem afronta
O Planeta e os pequenos pagam a conta
Quando os grades prosperam e a fazem a festa…
Campina Grande, 18 de junho de 2010
Em solidariedade às Pessoas Atingidas por barragens e pela Transposição, e em homenagem a Frei Luiz Flávio Cappio
Adorei o poema, vou colocar uma parte no meu trabalho da escola… Ficou bem criado, porém um pouquiinho complicado. Mas fora isso, o poema é ótimo!! Fala toda a verdade do país, como estamos sofrendo com as “festas” dos poluidores… (Falo isso mesmo sabendo que também contribuía jogando lixo na rua às vezes entre outras coisas, mas depois que fiz um blog sobre consumo consciente e um trabalho na escola sobre esse tema, me apeguei ao meio ambiente e tomo mais cuidado com as minhas decisões, percebendo se agride ou não o mesmo).