O Brasil quer ver o vídeo na íntegra

Por Alex Solnik
Esgota-se à meia-noite de hoje (8) o prazo estipulado pelo ministro do STF Celso de Mello para o governo entregar o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril na qual o ainda presidente Bolsonaro teria ameaçado demitir o então ministro da Justiça se não trocasse o diretor-geral da PF e o superintendente do Rio de Janeiro.
A AGU vem resistindo bravamente a entregar os pontos. Peticionou a Celso de Mello para não ter de entregar o vídeo, depois propôs entregar partes editadas e agora há pouco solicitou ao ministro a lista de quem irá manipulá-la até chegar à Polícia Federal e que somente as partes nas quais Moro é citado sejam liberadas ao público.
Celso de Mello tem rebatido todas as investidas.
Está ficando claro que a preocupação do governo não é somente fornecer a prova de que Moro precisa para escapar da acusação de denunciação caluniosa, mas também ocultar cenas que já começam a ser relatadas na imprensa, em off.
Segundo tais relatos, além de ameaças a Moro, Bolsonaro teria também atacado outros ministros, falado impropérios acerca de outros países, proferido palavrões e… tchan-tchan-tchan-tchan… dito o que sempre diz sobre o STF.
É bem possível que a preocupação em esconder a íntegra tenha a ver com a possibilidade de serem encontrados na fita indícios de quebra de decoro e de outras afrontas à constituição que poderiam aumentar o coro dos que pedem o impeachment.
Eu acho que os cidadãos brasileiros, que pagam os salários e mordomias do presidente da República, de todos os seus ministros, assessores e apaniguados, etc etc eu acho que, nós, os patrões do presidente, que é nosso assalariado, temos o direito de saber o que ele e seus ministros fazem num encontro público, pois se não fosse público não teria sido gravado, como já está provado que foi e o governo tem o dever de mostrar.
Eu quero ver o vídeo.
E o Brasil também.
Ainda mais que está todo mundo confinado em casa com tempo livre.
Fonte: Brasil 247
(08-05-2020)

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