O Brasil parou para a vida seguir em frente

Por Francisca Pereira da Rocha Seixas*

Mais de 45 milhões de trabalhadoras e trabalhadores cruzaram os braços em 14 de junho contra o desgoverno Bolsonaro. As ruas ficaram pequenas para os protestos contra o projeto de lei que acaba com a aposentadoria. 

Mesmo a mídia burguesa ignorando quase completamente a paralisação e os protestos, a classe trabalhadora uniu-se aos estudantes para barrar os retrocessos, o aniquilamento do Estado e das conquistas civilizacionais mais importantes para a construção de um país mais igual e mais justo.

“Essa greve, que atingiu 45 milhões de trabalhadores em todo o país, é um movimento que terá continuidade, com a ampliação da unidade de mobilização”, diz nota unificada das centrais sindicais, organizadoras da histórica greve.

Houve repressão aqui e ali, mas no geral as manifestações ocorreram sem grandes traumas, encorpando a nossa luta contra a reforma da previdência, que afeta negativamente a economia de inúmeros municípios, cujo motor está nos aposentados e pensionistas, que mantêm muitas famílias, principalmente nas áreas mais carentes.

Esse projeto nefasto desnuda o caráter elitista e reacionário do governo de Jair Bolsonaro envolvido em acusações de ilícitos no processo eleitoral e agora para manter-se no cargo e aprovar os projetos contra os interesses nacionais e populares.

Outra política altamente prejudicial ao desenvolvimento refere-se ao desmantelamento da Política de Valorização do Salário Mínimo, que retira bilhões da economia. E também prejudica os aposentados e pensionistas já que cerca de 70% deles recebem um salário mínimo por mês.

Não param as acusações de compra de disparos de fake news pelo Whatasapp durante a eleição e o Tribunal Superior Eleitoral não viu e não vê nada. O Supremo Tribunal Federal se cala e a nave segue para o precipício com o crescimento da pobreza, do desemprego e do desalento.

Somente essas práticas extorsivas justificam os cortes efetuados no orçamento da educação pública em todos os níveis, afetando as pesquisas e a produção científica no país, além de prejudicar o desempenho dos profissionais da educação e por consequência dos estudantes.

Na realidade, Bolsonaro quer o fim da educação pública para acabar de vez com a possibilidade de mobilidade social, mantendo os pobres cada vez mais pobres e os ricos ainda mais ricos, às custas do suor da classe trabalhadora, que pode ficar sem nenhum direito trabalhista, se não resistir.

Resistência é o que mais garantimos nesse contexto adverso, onde o site Intercept Brasil publica denúncias gravíssimas de atuação parcial e política do ex-juiz Sergio Moro e Bolsonaro o mantém no Ministério da (in)Justiça e o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, dá murros na mesa contra falação do ex-presidente Lula em uma entrevista à TVT. Lula se mostra indignado como está toda a nação, por seu julgamento não ter sido justo e sua condenação ocorrer mesmo sem provas.

Heleno só não dá chilique sobre as acusações da Agência Sportligth, de que ele recebia um salário de R$ 58.581, sendo que R$ 47.024 vinha de dinheiro público, quando o militar estava no Comitê Olímpico Brasileiro.

Por isso tudo, as centrais sindicais garantem mais luta ao lado dos estudantes e de todos os setores progressistas da sociedade para resistir ao autoritarismo e aos desmandos de um governo voltado para a destruição. No dia 14 de junho o Brasil parou para a vida seguir em frente.

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*Secretária de Assuntos Culturais e Educacionais da Apeoesp.

Fonte: Brasil 247

(19-06-2019)

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