NPC inaugura livraria especializada em comunicação e lutas dos trabalhadores

Jornalistas, professores, estudantes e militantes de diversas áreas já têm um ponto de encontro no centro do Rio. É a Livraria Antonio Gramsci, recém-inaugurada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). O objetivo é divulgar trabalhos, pesquisas e conjuntos de artigos de referência nacional e internacional que tratem do mundo da comunicação e da história dos trabalhadores, os dois eixos centrais do NPC. Educação, sociologia, cultura, novas tecnologias, lutas e movimentos sociais, sindicalismo, mulheres e direitos humanos são alguns dos outros temas também privilegiados na Antonio Gramsci, onde podem ser encontradas obras clássicas do pensamento marxista e da esquerda mundial.
A coordenadora do NPC, Claudia Santiago, explica que a livraria surgiu da paixão pela leitura e pela divulgação de ideias. “Esse espaço é consequência dos 20 anos de NPC, que se completarão em 2012. São duas décadas reafirmando a necessidade de se construir um mundo com igualdade de direitos e justiça social. É uma pecinha do grande mosaico de instrumentos da esquerda para a construção de um mundo para todos”, explica a jornalista. Segundo ela, o objetivo é divulgar trabalhos pouco conhecidos. “Nosso acervo está sendo construído com dicas recebidas de todo o país. Quanta coisa boa é produzida e ninguém fica sabendo?”, conclui.
Palestrantes do Curso Anual do NPC são alguns dos autores privilegiados
Além dos livros publicados pelo NPC, alguns materiais produzidos pela entidade estão à venda nesse espaço, como a Agenda NPC 2011, referência para quem quiser conhecer o histórico de lutas e mobilizações de mulheres no Brasil e no mundo. Também já podem ser adquiridas obras escritas e organizadas por figuras marcantes dos cursos anuais que o Núcleo Piratininga vem realizando nos últimos anos. Dentre eles estão, por exemplo, Piratas do Caribe (Record), do filósofo paquistanês Tariq Ali; Liberdade de expressão X Liberdade de imprensa (Publisher), do cientista político Venício Lima; A TV sob controle, de Laurindo Leal Filho; A Batalha da Mídia (Pão e Rosas) e Por Uma Outra Comunicação (Record), ambos do professor Dênis de Moraes. Além destes, temos ainda produções de Leandro Konder, Raquel Paiva, Marialva Barbosa, Ademar Bogo, Domenico Losurdo, Edward Said, Michel Lowy, e outros escritores brasileiros e estrangeiros de destaque no campo das ciências humanas.

A Antonio Gramsci é também o mais novo ponto de vendas de títulos da Editora Expressão Popular no Rio de Janeiro. Há ainda um sebo que reúne clássicos da literatura mundial, como El Aleph, de Jorge Luis Borges; História do Cerco de Lisboa, de José Saramago; Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez; A Mãe, de Maxim Górki; e outros. Dos brasileiros, nomes como Clarice Lispector, Machado de Assis, Marcelo Rubens Paiva, José de Alencar e Lygia Fagundes Telles estão estampados nas prateleiras.
História dos trabalhadores disponível no Arquivo de Imprensa Sindical

Boa parte da história dos trabalhadores do país está registrada nos mais de 30 mil exemplares de materiais de comunicação de sindicatos que compõem o Arquivo de Imprensa Sindical do NPC, agora disponível para consulta na livraria Antonio Gramsci. São jornais, revistas, cartilhas e cartazes de cerca de mil sindicatos de todo o país que registram as atividades, lutas e opiniões dos trabalhadores em vários períodos. O material ainda está sendo sistematizado, mas já pode ser consultado das 10h às 19h, de segunda a sexta-feira.
De acordo com o coordenador do NPC, Vito Giannotti, a importância de um arquivo como este não é apenas armazenar o que foi produzido. È, também, divulgar essa memória, mostrar para o trabalhador o que ele produz, e, principalmente, permitir que haja uma elaboração em cima do que já existe. “Consultando o arquivo, comunicadores de sindicatos e de movimentos sociais podem perceber o que dá certo, repensar o que não funciona e, assim, melhorar a sua comunicação”, explica.
Além de militantes sindicais e de movimentos populares, a expectativa do NPC é que estudantes e profissionais de comunicação tenham acesso ao Arquivo. “Os estudantes poderão conhecer a dimensão do mundo sindical e da comunicação desse setor e os comunicadores já formados certamente poderão tirar lições, aprendendo com o que já foi publicado”, explica Giannotti.
O desejo do NPC é firmar uma parceria com alguma instituição interessada para concluir a catalogação do arquivo e digitalizar todo o material.
Como surgiu o Arquivo
A ideia de reunir material impresso de sindicatos surgiu junto com o nascimento do NPC, por volta de 1993. Viajando pelo Brasil para dar cursos e palestras, Claudia Santiago e Vito Giannotti perceberam que a maioria dos sindicatos não dava importância para armazenar esses materiais, e, portanto, não conservava sua memória.
“Naquela época, o NPC passou a estimular que esses trabalhadores começassem a valorizar a sua memória, guardando e divulgando o material impresso produzido nos sindicatos”, lembra o coordenador do NPC. Vito e Claudia já possuíam materiais produzidos pela imprensa sindical que tinham recolhido durante a vida e começaram a receber material de sindicatos de todo o país.
“Apesar de nossa estrutura ser pequena, começamos a receber e catalogar tudo isso. Em 2002, com a ajuda de cerca de mais ou menos dez voluntários e com o apoio do Sindipetro-RJ, realizamos no Rio a 1ª Mostra de Imprensa Sindical Brasileira 1988-2002”, conta. A Mostra ocupou dez salas de uma antiga sede do Sindipetro e foi visitada por cerca de 2 mil pessoas. Depois desse evento, o NPC passou a receber ainda mais jornais, revistas e outros materiais de sindicatos e continuou a organizar o arquivo.
Serviço:
A Livraria Antonio Gramsci está localizada na Rua Alcindo Guanabara, 17, térreo, Centro do Rio (rua do bar Amarelinho). O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h30. Para entrar em contato, basta mandar um email para livraria@piratininga.org.br aos cuidados de Sheila Jacob.
(*) Divulgação publicada originalmente no Boletim do NPC.

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