Marxismo tardio: Adorno, ou a persistência da dialética

Autor de uma das mais complexas obras filosóficas do século XX, Theodor W. Adorno (1903-1969) dedicou grande parte de sua trajetória intelectual ao estudo do conceito de totalidade e da “vida administrada” na sociedade capitalista. Sua análise do sistema econômico (ou modo de produção) é hoje considerada contribuição indispensável para a filosofia contemporânea. É a partir das três principais obras de Adorno (Dialética do esclarecimento, Dialética negativa e Teoria estética), que o filósofo e crítico literário norte-americano Fredric Jameson investiga o “marxismo tardio”. Jameson também se apóia em outros escritos de Adorno, como Notas de literaturaMínima Moralia e o ensaio sobre Wagner para analisar a contribuição do filósofo alemão ao marxismo e propor que este, assim como outros fenômenos culturais, também desenvolve variações de acordo com o contexto socioeconômico.
“Adorno foi o analista de nosso próprio período, o qual ele não viveu pra ver, e no qual o capitalismo tardio esteve a ponto de eliminar os últimos resquícios da natureza e do Inconsciente, da subversão e da estética, da práxis individual e coletiva e, com um impulso final, a ponto de eliminar qualquer vestígio de memória do que não mais existia na paisagem daí em diante pós-moderna”, escreve Jameson. “Parece-me possível, hoje, que o marxismo de Adorno, que não foi de grande ajuda nos períodos anteriores, pode revelar-se exatamente como o que necessitamos em nossos dias”, completa.
Publicado originalmente em 1990, o livro foi lançado no Brasil em 1997, traduzido por Luiz Paulo Rouanet, em coedição da Boitempo Editorial com a Editora UNESP. Após ter esgotada a primeira edição, a obra ganha reimpressão com nova capa em 2011. Para o sociólogo Emir Sader, que assina a orelha do livro, Jameson propõe um modelo dialético para a compreensão do mundo atual, fazendo renascer com toda sua força a noção de teoria crítica como negatividade permanente e crítica social implacável. “Se ‘sem teoria revolucionária, não há prática revolucionária’, a ausência de teoria também se torna força material, mas para aprisionar as massas. Esse é o sentido de tardio no marxismo, para Jameson: ‘antes tarde do que nunca!’”.
Trechos do livro
“A relevância de Adorno para o pós-modernismo deve ser buscada nas polêmicas filosóficas e sociológicas. De fato, o que Adorno chamava positivismo é precisamente o que hoje chamamos pós-modernismo, apenas num estágio mais primitivo. A mudança terminológica é, com certeza, importante: uma tacanha filosofia da ciência pequeno-burguesa republicana do século XIX, surgindo do casulo de sua cápsula de tempo com o esplendor iridescente da vida consumista cotidiana no veranico do super-Estado e do capitalismo multinacional.”
Sobre o autor
Fredric Jameson foi aluno de Erich Auerbach, professor de literatura francesa em Yale e diretor do programa de pós-graduação em literatura da Duke University na Carolina do Norte (EUA). Entre suas publicações destacam-se Marxismo e forma, publicado pela Hucitec; O inconsciente políticoPós-modernismo – a lógica cultural do capitalismo tardio, ambos pela Ática; e Espaço e Imagem, pela UFRJ.
Ficha técnica
Título: Marxismo tardio
Subtítulo: Adorno, ou a persistência da dialética
Autor: Fredric Jameson
Tradução: Luiz Paulo Rouanet
Orelha: Emir Sader
Páginas: 336
Preço: R$ 45,00
Editora: Boitempo e Editora Unesp
(*) Divulgação Boitempo editora.

Deixe uma resposta