José Luis, familiar de vítima do Estado e militante da Rede, tem a casa invadida durante operação do 9o BPM em Acari

José Luis, pai de Maicon da Silva, morto em 15/04/1996 durante incursão policial na favela de Acari, verificou hoje (01/04), por volta das 7h, que sua residência havia sido invadida.

José estivera ali pela última vez na segunda-feira (30/03), à noite, e dormiu naquele dia e no dia seguinte (31/03) na casa de seu filho.

Ontem (31/03), José passou a maior parte do dia fora de Acari, participando das atividades em lembrança dos 4 anos da Chacina da Baixada, em Nova Iguaçu, junto com outros militantes da Rede e familiares de vítimas. Durante o dia, uma operação com muitos policiais do 9o BPM (Rocha Miranda) foi realizada na favela de Acari. Ao retornar hoje à sua residência, José viu que o cadeado da porta havia desaparecido, e que a casa havia sido revirada. Vizinhos, que não querem se identificar (com medo), disseram que policiais militares entraram na casa. Aparentemente nada foi levado, o que reforça a suspeita de que a invasão de domicílio foi efetuada por policiais em busca de algo específico. José imediatamente procurou registrar queixa na 39a DP, mas o delegado recusou-se a fazê-lo.

No ano passado, José foi alvo de agressão e ameaças por parte de policiais civis durante uma operação da Core. José é militante ativo há muitos anos e bastante conhecido pelos policiais que atuam na região onde reside. Vale ressaltar, ainda, que não é a primeira vez que uma ação policial ameaça direta ou indiretamente militantes da Rede e do movimento social em Acari. Também no ano pasado, a casa de Wandreley da Cunha foi alvo de disparos, que deixaram várias marcas na parede externa, durante operação do mesmo 9o BPM. Ninguém se encontrava na residência na ocasião.

José Luis, que no próximo dia 15/04 realizará um protesto (greve de fome) em frente ao Ministério Público contra o descaso e o arquivamento do caso de seu filho Maicon, está profundamente indignado com o que aconteceu e, no momento, está formalizando denúncia na OAB/RJ. (Matéria original da Rede de Comunidades e Movimentos contra Violência aqui)

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