Israel continua tática genocida: mais um ataque a embarcação, pelo menos 4 mortos

Segunda a agência AFP escreveu, há 1 hora, soldados israelenses mataram nesta segunda-feira (07) quatro membros de um grupo armado de mergulhadores palestinos num barco à altura de Gaza, indicou o exército, que afirma “ter frustrado um ataque terrorista”. Um chefe das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, um grupo armado vinculado com o Fatah, o partido do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, confirmou à AFP que os quatro mortos eram ativistas, mas precisou que se tratava de um treinamento e não de uma operação.

Israel se recusa a suspender bloqueio a Gaza. Charge de Carlos Latuff/2010

“Segundo testemunhos palestinos, o barco no qual se encontram os ativistas foi atacado por lanchas motorizadas e helicópteros israelenses diante do litoral palestino, à altura do campo de refugiados de Nuseirat, ao sul da cidade de Gaza. Duas horas depois, foram resgatados os corpos sem vida de quatro pessoas usando traje de mergulho. A busca prosseguia para tentar localizar outros dois passageiros, dados por desaparecidos.”

Indagado pela AFP, um porta-voz do exército israelense confirmou que uma patrulha da marinha avistou uma embarcação com um grupo a bordo a caminho de realizar um ataque terrorista, “sem dar maiores detalhes”.

Israel expulsa ativistas pela paz

Ainda segundo a AFP: “Em meio à pressão internacional por estar interceptando missões humanitárias para Gaza, Israel anunciou ter expulsado as 19 pessoas que viajavam a bordo do navio irlandês “Rachel Corrie”, que tentava levar ajuda humanitária ao território palestino. Cinco irlandeses, entre eles a Prêmio Nobel da Paz Mairead Maguire, defensora da causa palestina, deixaram o país na manhã desta segunda em um avião rumo a Dublin. Um cubano e seis malaios – o deputado Mohd Nizar Zakaria, dois jornalistas da televisão malaia TV3 e três empregados da organização Perdana Global Peace – haviam sido expulsos no domingo pela passagem fronteiriça da ponte de Alenby que leva à Jordânia. Os outros sete membros da missão humanitária – seis filipinos e um britânico – também saíram de Israel no domingo.”

“[…] Nesse contexto, a Crescente Vermelha iraniana anunciou que enviará três barcos, dois deles antes do final da semana, e um avião de ajuda humanitária a Gaza. “Estamos alugando dois barcos, um que transportará 70 trabalhadores humanitários, enfermeiros e médicos, e outro com medicamentos e alimentos para a população de Gaza”, declarou o diretor internacional da Crescente Vermelha, Abdolrauf Adibzadeh, à tv estatal iraniana. A Crescente Vermelha iraniana também vai enviar um avião carregado com 30 toneladas de ajuda humanitária a Gaza através do Egito.”

“[…] A Turquia, que adotou sanções diplomáticas contra Israel por causa do ataque a seu navio, excluiu qualquer normalização de suas relações com Israel caso o Estado hebreu recuse a investigação independente da ONU, conforme declarou nesta segunda-feira o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu. “Se Israel der sua aprovação à criação de uma comissão internacional e estiver disposto a responder a esta comissão, naturalmente as relações tomarão outro caminho”, declaro o chanceler aos jornalistas. “Mas se Israel continuar evitando isso, a normalização das relações estará totalmente excluída”, acrescentou.”

Segundo o Portal Vermelho, ontem o embaixador israelense nos Estados Unidos, Michael Oren, disse que seu país não pedirá desculpas à Turquia pela morte dos nove ativistas, nem aceita a abertura de inquérito internacional para investigar o ataque à frota. Os ministros do Exterior da França e da Grã-Bretanha pediram a Israel que aceite no mínimo uma “presença internacional” na investigação do incidente.

Segundo a RTP de Portugal, uma reunião de ministros de Negócios Estrangeiros da Organização da Conferência Islâmica (OCI) na noite de ontem em Jedah, na Arábia Saudita, terminou com um apelo aos países-membros no sentido de “reconsiderarem” as relações com Tel Aviv. O comunicado final do encontro expressou também a condenação “nos termos mais fortes” da “agressão brutal das forças israelitas em águas internacionais contra barcos civis que transportavam ajuda humanitária”.

“Os ministros dos Negócios Estrangeiros exortaram o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a “constituir uma comissão de inquérito internacional independente para determinar, levar à justiça e punir os responsáveis pelas mortes de civis”. O Governo turco procura esta segunda-feira capitalizar uma cimeira dos 20 países-membros de um grupo de segurança da Ásia para acentuar a pressão diplomática sobre o Executivo de Benjamin Netanyahu. Nove chefes de Estado e de governo, entre os quais os líderes do Irã, Mahmud Ahmadinejad, da Síria, Bachar al-Assad, e o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, marcam presença, em Istambul, nos dois dias da Conferência sobre Medidas de Interação e Aumento da Confiança na Ásia.”

“Ancara deu já os primeiros passos para reduzir as relações militares e comerciais com Israel. Suspendeu, para tal, as discussões em torno de projetos energéticos, incluindo acordos de aprovisionamento de gás natural e água potável. Na ausência de um pedido de desculpas formal por parte de Tel Aviv, o Governo de Recep Tayyip Erdogan ameaça interromper as relações com os israelitas em todas as vertentes.” (original da RTP)

Descrição de cerco é próxima ao nazismo

Leia abaixo trecho da matéria “Faixa de Gaza: um povo sufocado pelo bloqueio”, de Joana Duarte no Jornal do Brasil, e tire suas próprias conclusões.

“[…] Devido ao bloqueio, cerca de 80% da população de Gaza depende da ajuda internacional para sobreviver. Segundo dados oficiais, mais da metade dos habitantes vive abaixo da linha de pobreza e pelo menos 40% estão desempregados. Desprovidos de recursos naturais, os palestinos em Gaza sofrem uma escassez crônica de água e quase não tem indústria. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 61% deles vivem em situação de insegurança alimentar.

Agências humanitárias e altos funcionários da ONU reconhecem que o auxílio prestado à região não é suficiente para suprir as necessidades da população do território, nem para a reconstrução da região devastada por uma operação militar israelense em 2008. Nos últimos dois anos de bloqueio, a quantidade de ajuda que chegou a Gaza raramente atingiu os 20% do total de bens que Israel permite chegar ao território, denuncia a advogada americana Allegra Pacheco, que trabalha para o Programa de Desenvolvimento da ONU (PNUD).

“Recentemente, o Pnud publicou um relatório afirmando que a comunidade internacional não tem sido eficaz em atender as necessidades básicas da população de Gaza, seja por omissão ou intenção”, pontuou Allegra.

Israel ainda mantém uma lista de itens proibidos de entrarem em Gaza que, de acordo com as autoridades de segurança do país, poderiam ser usados para fabricar armas, como canos de metal e fertilizantes. Mas segundo a ONG israelense Gisha, que monitora a passagem de bens para Gaza, muitos outros produtos – que vão de carros e frigideiras a lâmpadas, chocolate, café, papel e computadores – quase sempre têm sua entrada recusada por serem considerados artigos de luxo.

“A tentativa de controlar Gaza a partir de Israel, através da alimentação de seus moradores e listas especificas de importações permitidas, mancha a reputação moral do país e aumenta seu isolamento internacional”, argumentou Aluf Benn, colunista do Haaretz. “Todos os israelenses deveriam se envergonhar da lista de bens elaborada pelo Ministério da Defesa, que permite a entrada de canela e baldes de plástico em Gaza, mas não autoriza plantas e coentro. É hora de acharmos tarefas mais importantes para nossos burocratas fazerem além da atualização de listas arbitrarias”.

Apesar de inúmeras solicitações feitas por agências humanitárias ao tribunal distrital de Israel, autoridades se recusam a revelar os critérios que os orientam na determinação de que mercadorias são permitidas ou proibidas na Faixa de Gaza.

“Se qualquer produto pode entrar em Gaza exceto aqueles que poderiam ser usados para a fabricação de armas, então os militares que operam nas passagens de fronteira desconhecem essa política, pois não estão agindo de acordo com ela”, conclui o diretor do Departamento Jurídico da Gisha, Feldman Tamar.”

Faixa de Gaza: “É como viver no inferno”

Matéria de Rodrigo Craveiro no Correio Braziliense:

“A vida na Faixa de Gaza parece caminhar na contramão da esperança. O bloqueio imposto por Israel suspendeu desejos, cancelou ambições, subverteu a própria modernidade. A rotina na casa do engenheiro Ghassan Abdulmandil, 35 anos, é feita de cortes de energia elétrica, racionamento e traumas psicológicos. Morador da Cidade de Gaza, ele precisa de um transplante de córnea, mas não pode cruzar a fronteira – controlada pelos israelenses -, para se submeter à cirurgia.

O sonho de obter o título de pós-doutor em Economia por ora ficou esquecido, assim como o semblante de alguns parentes. A última vez que Ghassan viu a família na Síria foi em 30 de setembro de 1995. Questionado pelo Correio sobre o que é ser palestino na Faixa de Gaza, ele não demora em responder: “É como viver no inferno” […]” Leia esta excelente reportagem clicando aqui.

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