Hoje meu avô veio me visitar.

Foi durante uma névoa onírica, que se foi quando ele chegou. Eu não pude acreditar.

Pude sim. Olhei em seus olhos, bem no fundo deles, porque sabemos todos que esta é a forma mais profunda de intimidade que existe.

Ele estava lá. Olhou de volta, firme, como quem cumprimenta numa tarde de verão no Rio ou na feira de Capela. Ele definitivamente estava lá.

O olhar firme deu lugar à serenidade que lhe era peculiar. “Está tudo bem?” Ele confirmou. Um sinal positivo mais profundo do que qualquer linguagem, em qualquer tempo, poderia demonstrar.

Nada a acreditar, na verdade – apenas o sentimento da tranquilidade que sempre trazia sua companhia. Ele era assim. Algo nele, que nos acompanha e nos envolve, é assim. Está tudo bem, como sempre.

Voltei então a dormir. No seu colo. Ele colocou levemente a mão sobre minha cabeça, com seu carinho hesitante de sempre. No fundo é cuidado com os sentimentos.

Tem mais presença em nós o que nos falta, me lembrou Manoel de Barros.

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