Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver

Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver. E a primeira estrela que vier, para enfeitar a noite do meu Bem”…

É essa música de Dolores Duram que me vem ao coração ao iniciar esse Sábado Santo. Um dia de espera e de esperança.

No mundo atual, Jesus e o próprio Deus (o Espírito) parece estar sepultado, morto… A quase cada dia um atentado terrorista, um presidente dos Estados Unidos que parece doido para ver o mundo pegar fogo. No Brasil, a Globo e os meios de comunicação continuando a dirigir o povo contra os interesses da imensa maioria da população… E no plano da Igreja, um papa que fala a profecia como João Batista gritando no deserto.

Nesse sábado à noite, basta irmos às celebrações nas paróquias e catedrais e perceberemos que a mensagem do papa ainda não chegou na maioria das comunidades locais. As celebrações continuam engessadas por uma concepção de Igreja hierárquica que o papa está tentando mudar (É só ler a sua carta Evangelii Gaudium) e a liturgia ainda muito comprometida com o que o papa chamou de “mundanismo sagrado”, uma capa de sagrado em uma concepção de ministério que é mundana, autoritária e narcisista. Isso em nome de Deus.

Ainda ontem (sexta-feira santa), na Via Sacra que dirigiu no Coliseu de Roma, com milhares de pessoas, o papa no final da celebração pediu perdão a Jesus pelos pecados do mundo. Mas, não deixou de dizer em voz alta e clara que tinha vergonha também pelos pecados nossos da Igreja (quando nós bispos, padres e religiosos/as abandonamos o primeiro amor, a primeira fidelidade). Nesse ano, se completam 50 anos da Conferência dos Bispos Latino-americanos em Medellin quando eles propuseram que nossa Igreja se tornasse mais uma Igreja pascal, isso é, uma Igreja do Êxodo, ou seja, “servidora de toda a humanidade – consagrada à libertação de todos e de cada ser humano por inteiro” (Med 5, 15).

De todo modo, mesmo em meio a todas essas contradições atuais, a fé nos faz esperar e crer…

Como as mulheres amigas de Jesus. Na hora em que todos os homens amigos desertaram, elas foram ao sepulcro e o evangelho conta: “Maria Madalena e Maria, a mãe de Jesus ficaram olhando, contemplando o túmulo no qual Jesus tinha sido colocado” (Mc 15, 45). Fiquemos nós também olhando, contemplando o túmulo ou os túmulos onde até hoje os homens tentam aprisionar Jesus sem saber que o Espírito já o tirou do mundo da morte e lhe deu uma vida nova. Vivamos esse Sábado Santo como o tempo da nossa esperança.

(15-04-2017)

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