Gurugi

Às vezes, algumas coisas simples tem muito poder na nossa vida. Ontem, por exemplo, participei de uma roda de Terapia Comunitária Integrativa com mulheres quilombolas, em Gurugi, Conde. Hoje acordei com um vigor renovado. Alguma coisa em mim estava melhor do que antes dessa reunião tão singela, no salão da Associação de Moradores. Vem à minha memória os rostos, as expressões, os sentimentos partilhados pelas pessoas participantes.

A vista das redondezas, verdes, o céu azul da tarde. Dores no braço direito, medo de perder a visão de um olho, dificuldades oriundas do diabetes. Aumento da confiança. Trabalho a pesar da dor, disse um senhor. Mas não havia na sua fala nem auto-piedade, nem afã de chamar atenção, nem tampouco um falso orgulho. Era o que ele fazia. É o que ele faz, como várias das demais pessoas que participaram da roda. Via as telhas vermelhas do teto, duas bandeirolas penduradas das traves.

Os estudantes da UFPB que tiveram a inciativa desta atividade. Hoje lembrei que eu também já fiz isso, ou faço, como tantas outras pessoas. Continuar a pesar da dor. Sabendo que no caminho as cargas se arrumam, e nova força vem. Uma roda, o apoio mútuo, canções puxadas por uma menininha. Coisas simples tem o poder de nos lembrar de quem somos. Lembrar de que nós podemos.

 

 

 

 

 

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