Quando a gente presta atenção a estas perguntas, percebe que a totalidade do nosso ser foi sendo construída laboriosamente o ao longo de diversas circunstâncias. Nem sempre nos foi dado fazer a melhor escolha. Podemos ter errado, mas isto foi resultado de uma situação determinada, sobre a qual não tínhamos suficiente controle.
Hoje podemos ter sobre nós mesmos um olhar integrativo, um olhar que compreende e ama. Estas perguntas são feitas no contexto da Terapia Comunitária Integrativa em nos cursos de Cuidando do Cuidador*. Aos poucos a pessoa vai se soltando, vai se deixando vir. Vai compreendendo que ela não é um resultado imutável. Ela pode ser ela mesma.
Ela não é somente os papéis que executa nem as tarefas que é levada a fazer. E esses papéis e tarefas, estão também enraizados na sua história de vida. Ela escolheu, eu escolhi, todos escolhemos ser o que somos. Podemos nos ver como resultado das nossas próprias escolhas. Nem sempre, repito, terão sido as melhores escolhas, mas foram escolhas nossas. E elas nos fazem ser a pessoa que somos hoje.
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*Tecnologias de cuidado criadas por Adalberto de Paula Barreto.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/