Crescimento da economia puxado pela demanda interna está com seus dias contados, diz economista

Para a economia brasileira, o segundo semestre de 2012, ao contrário do que deverá ocorrer nas principais economias mundiais, exceção feita ao Reino Unido, promete apresentar uma aceleração puxada, basicamente, pela demanda interna (consumo das famílias medido pelas vendas no comércio), diz o economista paulista Marcus Eduardo de Oliveira, professor da UNIFIEO e da FAC-FITO.
Nossa macroeconomia tem se comportado bem, com seus principais fundamentos “tecnicamente” em ordem: temos uma taxa de juros relativamente baixa (8% ao ano), nossas reservas estão num ótimo patamar, a taxa de desemprego está sob controle (em algumas regiões metropolitanas essa taxa não chega a 4%), a massa salarial tem crescido 5% ao ano e o governo tem ajudado com estímulos ao consumo e investimentos no setor industrial. No entanto, esse modelo de crescimento baseado na demanda interna está com seus dias contados, ponderou o professor Marcus de Oliveira.
Nosso crescimento em 2012 não deverá bater na casa dos 2%. Para 2013-14 a taxa de crescimento da economia deverá chegar, no máximo, em 4,5%. O fator preponderante desse crescimento, segundo o economista, decorrerá do aquecimento da atividade econômica em torno dos preparativos para a realização da Copa do Mundo. O risco iminente desse crescimento, como sempre, é a taxa de inflação “escapar” do centro da meta. Outro aspecto que chama a atenção é o crescimento da força de trabalho que tende a ser mais lento. Como a taxa de desemprego está relativamente baixa, o crescimento da força de ocupação encontra dificuldades para se “acomodar”, diz o economista.
Como o modelo baseado na demanda interna apresenta evidentes sinais de esgotamento, chegou a hora de mudarmos o foco do crescimento econômico. Nossa taxa de investimento precisa urgentemente superar os atuais 19% do PIB, caso contrário não caminharemos de forma firme, apenas patinaremos. Afora isso, o economista aponta que é necessário aumentar a participação privada no investimento de longo prazo e, principalmente, estimular mais o investimento do que o consumo. O consumo hoje representa 60% do PIB, o investimento não chega a 20%, a outra parte é o Estado, também 20%.
(*) Economista. Professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo.prof.marcuseduardo@bol.com.br

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