Nossa macroeconomia tem se comportado bem, com seus principais fundamentos “tecnicamente” em ordem: temos uma taxa de juros relativamente baixa (8% ao ano), nossas reservas estão num ótimo patamar, a taxa de desemprego está sob controle (em algumas regiões metropolitanas essa taxa não chega a 4%), a massa salarial tem crescido 5% ao ano e o governo tem ajudado com estímulos ao consumo e investimentos no setor industrial. No entanto, esse modelo de crescimento baseado na demanda interna está com seus dias contados, ponderou o professor Marcus de Oliveira.
Nosso crescimento em 2012 não deverá bater na casa dos 2%. Para 2013-14 a taxa de crescimento da economia deverá chegar, no máximo, em 4,5%. O fator preponderante desse crescimento, segundo o economista, decorrerá do aquecimento da atividade econômica em torno dos preparativos para a realização da Copa do Mundo. O risco iminente desse crescimento, como sempre, é a taxa de inflação “escapar” do centro da meta. Outro aspecto que chama a atenção é o crescimento da força de trabalho que tende a ser mais lento. Como a taxa de desemprego está relativamente baixa, o crescimento da força de ocupação encontra dificuldades para se “acomodar”, diz o economista.
Como o modelo baseado na demanda interna apresenta evidentes sinais de esgotamento, chegou a hora de mudarmos o foco do crescimento econômico. Nossa taxa de investimento precisa urgentemente superar os atuais 19% do PIB, caso contrário não caminharemos de forma firme, apenas patinaremos. Afora isso, o economista aponta que é necessário aumentar a participação privada no investimento de longo prazo e, principalmente, estimular mais o investimento do que o consumo. O consumo hoje representa 60% do PIB, o investimento não chega a 20%, a outra parte é o Estado, também 20%.
(*) Economista. Professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo.prof.marcuseduardo@bol.com.br