Cotas e Prouni: em julgamento

O Supremo Tribunal Federal julgará nesta quarta-feira (25) a inconstitucionalidade das cotas em universidades e o Programa Universidade Para Todos (Prouni), ambos processos movidos pelo DEM (leia-se Demóstenes Torres).
Notamos nos últimos anos que o Supremo Tribunal Federal está julgando processos históricos que envolvem toda a sociedade.  Há pouco tempo foi a reserva indígena Raposo do Sol, no interior do Estado de Roraima, onde com o  passar do tempo os índios dessa localidade perderiam todas as suas referências culturais nativas com a presença de latifundiários compradores de terras griladas. O STF foi também favorável à união homoafetiva e recentemente ao aborto de fetos sem cérebros. Tudo isso se chama avanço e progresso.
A luta de negros e índios por direitos de igualdade não é de hoje, começa desde a invasão portuguesa com assassinatos dos índios até o primeiro escravo negro pisar em solo brasileiro e lutar por liberdade. E uma parcela conservadora da nossa atual elite, inclusive acadêmica e política, parece que ainda não acordou para o fato de estarmos quebrando ciclos viciosos que duram há anos. Onde até então negros e índios nem eram sequer coadjuvantes ou protagonistas, simplesmente se transformaram páginas viradas da história do Brasil.
Há mais de dez anos a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) foi a primeira instituição de ensino superior a adotar as cotas no Brasil (diga-se de passagem, por força da lei estadual), depois outras cento e cinquenta universidades aderiram outras formas de inclusão. Sejam éticas ou sociais. É digno de nota dizer que todos os alunos cotistas que optaram pelas cotas são oriundos da rede pública, essa mesma escola excludente que não dá nenhuma esperança aos seus alunos. O desempenho deles tem sido satisfatório, ou seja, existe salvação para escola pública.
Para não dizer que tudo está perfeito, houve erros absurdos como o dos gêmeos de Brasília. Na ocasião, uma banca indicou que um era branco e outro negro. Foi um erro? Claro que sim. Mas, nada que desabone o sucesso de outras instituições educacionais superiores.
Em meu artigo anterior destaquei a falta de debates para determinados assuntos, e isso inclui as cotas raciais que abriram o caminho para finalmente falarmos do racismo brasileiro. O assunto está amadurecendo, e é de suma importância para nossa sociedade.
O Supremo Tribunal é soberano, cabe a cada ministro ver o lado histórico-social e tomar a decisão correta. E outros movimentos sociais tomem a iniciativa de se movimentar e clamar por justiça, para não vivermos num país separado.
Tomara que o supremo leve em consideração o quanto estão sendo importantes esses programas, e como estão transformando a vida de jovens e adultos que antes não tinham esperança de sequer entrar em uma universidade e cursar o ensino superior. Isso era um sonho, e tornou-se uma realidade.
O Supremo saberá julgar com justiça, depois de tantos avanços a favor da sociedade.
(*) Fábio Nogueira é militante da Educafro. E-mail: fabionogueira95@yahoo.com.br

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