Conhecimento não é informação apenas nem habilidade técnica (saber fazer). É transformação. Um tipo de apertura ao outro, em que cresço a partir de um desafio. Temos nos acostumado a uma troca de informações que parece querer substituir a comunicação tanto quanto o conhecimento.
Não basta conhecer algo de maneira intelectual ou conceitual, para que isto seja um conhecimento. O ato de conhecer nos envolve totalmente, como pessoa que somos em todas as nossas dimensões. Eu tive a graça de ter descoberto isto bem cedo, em casa, tanto quanto na universidade e na vida.
Não posso fazer de conta que endosso essa espécie de mistura indiferenciada em que não se sabe ao certo o que é o que. Passei anos ensinando na universidade os fundamentos do conhecimento, os pressupostos filosóficos da ciência, os valores que sustentam as visões de mundo, as consequências práticas das nossas escolhas e decisões. Os limites do conhecimento discursivo.
Escrevi um livro sobre isto na perspectiva de Max Weber. Não posso agora simplesmente engolir qualquer babaquice que alguém possa querer chamar de conhecimento. O saber não vêm de alguém que se diz iluminado e usa seu poder para obter vantagens. Todas as pessoas possuem várias formas de saber que lhes capacitam para gerir a sua experiência.
Eu não posso aceitar que alguém que se diga instruído diga que as pessoas que sofrem agressões as provocaram, atraindo-as para si. Isto é uma legitimação da violência e um acobertamento da impunidade. A criminalização das vítimas é um artifício das ditaduras.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
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