Por: Associação dos Missionários e Missionárias do Campo
“Nas condições atuais da sociedade mundial, onde há tantas desigualdades e são cada vez mais numerosas as pessoas descartadas, privadas dos direitos humanos fundamentais, o princípio do bem comum torna-se imediatamente, como consequência lógica e inevitável, um apelo à solidariedade e uma opção pelos mais pobres.” Laudato Si 159.
Nós cristãs e cristãos presentes na Semana de Estudos: Desafios da Missão no Mundo Atual. Promovida pela Associação das Missionárias e Missionários do Campo (AMC), vindas e vindos dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte, Sergipe, Maranhão, Minas Gerais, e Ceará. Representamos os diversos rostos que compõem a AMC, Compreendendo que o seguimento a Jesus de Nazaré passa pela articulação entre solidariedade, justiça e viver segundo o Espírito. Vimos, por meio desta, denunciar o atual cenário no qual se encontra mergulhado nosso país, nos colocando ao lado daquelas e daqueles que neste momento lutam nas mais diversas frentes contra as ameaças aos direitos sociais adquiridos nas últimas décadas.
1. Denunciamos que a Reforma da Previdência esconde a verdade dos fatos quanto à crise política e econômica e ameaça a dignidade da classe trabalhadora brasileira e dos segmentos mais vulneráveis de nossa população.
2. Denunciamos o uso abusivo de agrotóxicos agrícolas na agricultura brasileira como parte de um projeto de morte que atinge de forma direta a saúde humana e a vida no planeta.
3. Denunciamos os cortes de investimentos na educação pública, Institutos e Escolas Técnicas Federais e Universidades Federais, como forma de restringir o acesso dos jovens pobres, negros (as), camponeses e indígenas ao ensino superior.
4. Denunciamos a Reforma do Ensino Médio como estratégia de desqualificação da educação pública.
5. Denunciamos a criminalização dos Movimentos Sociais, como parte de uma estratégia de violação dos direitos à livre expressão e à organização expressa na violada Constituição cidadã de 1988.
6. Denunciamos as recentes mortes ocorridas nos presídios brasileiros como expressão do genocídio imposto aos pobres, negros, e aos jovens. E a falência do sistema penitenciário brasileiro, ao passo que afirmamos a necessidade de reforma do mesmo.
7. Denunciamos a ausência da Reforma Agrária e Urbana dentro dos marcos do que afirma o Papa Francisco em sua fala aos Movimentos Sociais em Santa Cruz (Bolívia em 2015): “Nenhum Camponês Sem Terra, nenhuma Família sem casa, nenhum Trabalhador sem Direitos.”
8. Denunciamos a matança dos povos indígenas e a não demarcação de suas terras como expressão de submissão do Estado Brasileiro ao agronegócio.
9. Denunciamos a agressão aos biomas e aos povos que neles vivem, e os acordos entre o poder público e as usinas de incineração do lixo como ameaça aos ecossistemas.
10. Denunciamos a implantação de usinas eólicas e hidroelétricas como agressão ambiental e sócio-cultural praticada pelo Estado Brasileiro.
11. Denunciamos a precarização do SUS, como forma de privatização da saúde pública.
12. Denunciamos a falência das instituições politicas e jurídicas que articuladas com a grande mídia, ferem os princípios constitucionais da soberania e dos direitos sociais, e afirmamos a urgente necessidade de uma profunda reforma dessas instituições.
13. Denunciamos o governo Temer como ilegítimo e responsável pelo desmonte do Estado Brasileiro e pela entrega de importantes territórios e riquezas ao capital internacional.
Afirmamos que se faz urgente que os Movimentos Sociais, as Igrejas, e todas as pessoas de boa vontade garantam a defesa da Casa Comum pautada no bem viver, que rompe com o modelo dominante, cuja grande meta é tornar a pessoa humana escrava do consumo e a natureza em mercadoria.
Mosteiro do Discípulo Amado, Serra do Catita, Alagoas, 02 de Março de 2017.