Brasil registra mais 1.780 mortes por covid-19. Estudo reafirma necessidade do uso de máscaras

Por Gabriel Valery

Estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com testes de 28 pacientes evidencia a eficácia de uso de máscaras, que continuam importantes para o controle da pandemia

O Brasil registrou 1.780 mortos pela covid-19 nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, em março de 2020, os registros oficiais apontam 526.892 vítimas. Trata-se do segundo país com maior número de mortes devido ao vírus, e aquele com mais casos em 2021. Em comparação com a média global, o coronavírus é 4,4 vezes mais letal no Brasil.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

O grande número de mortes é relacionado com a má gestão da pandemia no país. Desde o início do surto, não foram estabelecidas diretrizes nacionais para conter a covid-19, bem como proteger a população. Países que conseguiram controlar o surto adotaram medidas conhecidas e cobradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre elas, isolamento social, testagem em massa, rastreio de contágio e uso de máscaras.

Ao contrário, no Brasil, o presidente segue na contramão. Enquanto eclodem escândalos de corrupção envolvendo seu governo e a compra de vacinas, Bolsonaro segue em sua aposta no negacionismo. Ataca vacinas e uso de máscara com desinformação, promove e estimula aglomerações, além do histórico de possível prevaricação na aquisição de vacinas; outro escândalo sob investigação na CPI da Covid.

Queda

Embora a média de mortes e casos no Brasil siga elevada, é notável uma tendência de recuo na pandemia. Especialistas apontam para bons resultados envolvendo o avanço da vacinação. Nas últimas 24 horas, foram registrados 62.504 casos, totalizando 18.855.015 desde o início da pandemia.

As médias diárias, calculadas em sete dias, estão em clara tendência de queda. Novos casos estão em 48.816, média mais baixa desde o dia 23 de fevereiro. Já as mortes, 1.558, têm número similar aos registrados no início de março, quando a segunda onda começava a alavancar as mortes rumo ao período mais letal da pandemia no país, entre o fim de março e início de maio.

Curvas epidemiológicas médias de casos e mortes diárias no Brasil. Tendência de queda. Fonte: Conass

Máscaras

Bolsonaro nega a ciência e divulga mentiras sobre a covid-19 desde o início da pandemia. Assim foi com a importância das máscaras. Ele mesmo raramente as usa. “Faço o que eu quero”, chegou a dizer, questionado por uma repórter no último mês. O presidente pediu para que seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, editasse um decreto para desobrigar o uso de máscaras. Entretanto, a realidade é oposta ao que prega e pratica o presidente.

Mesmo em período de recuo da pandemia, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforça a necessidade do uso de máscaras e das medidas de distanciamento social. Para controle da pandemia, além da imunidade de rebanho por meio da vacina, que vem a partir de 75% da população vacinada, as medidas não farmacológicas são necessárias para controle do vírus, argumenta a entidade.

Estudo da entidade divulgado nesta terça-feira (6) e publicado na plataforma científica Medrxiv atesta a eficácia das máscaras para auxiliar no controle do vírus. “Analisamos máscaras usadas pelos pacientes por duas a três horas, nas condições da vida real. Em todos os casos, a camada externa foi negativa para o Sars-CoV-2, indicando bloqueio da passagem do vírus”, analisa o doutorando do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e primeiro autor do artigo, Vinicius Mello.

Máscaras caseiras

A Fiocruz notou serem eficientes tanto as máscaras caseiras como as cirúrgicas e até mesmo o modelo PFF2, tido como o mais recomendado para bloquear o vírus. “O resultado foi verificado tanto nas máscaras cirúrgicas como nos modelos de pano com duas ou três camadas (…) Ao todo, a pesquisa analisou 45 máscaras, usadas por 28 pacientes com infecção confirmada pelo Sars-CoV-2. Entre estas, 30 eram compostas de tecido, com duas ou três camadas, e 15, cirúrgicas. Os testes apontaram a presença do vírus apenas na camada interna das máscaras, com carga viral reduzida em relação à identificada na nasofaringe”, completa.

O coordenador da Plataforma de Nível de Biossegurança 3 do IOC e um dos coordenadores do estudo, Marco Horta, argumenta que existem aquelas mais eficientes. Entretanto, levando em conta a realidade socioeconômica brasileira, as máscaras são indicadas de forma geral. “As máscaras de pano têm menor capacidade de filtragem e não têm a certificação das máscaras cirúrgicas. Mas em países como o Brasil, onde muitas pessoas não têm condições de comprar máscaras, é importante observar o potencial desses acessórios”, afirma.

Fonte: Rede Brasil Atual

RBA utiliza informações do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados. As divergências, para mais ou para menos, são sempre ajustadas após a atualização dos dados.

(06-07-2021)

Deixe uma resposta