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Mudanças…

metamorfose
Falar sobre mudanças é tocar num assunto atual.

Ouve-se muito acerca das transformações necessárias e inevitáveis que a sociedade moderna impõe sobre os paradigmas familiares, trabalhistas e sociais que, por sua vez, influenciam toda a vida de uma pessoa.

Pensamos tanto em mudanças que deixamos de lado uma virtude: aceitação. Autoaceitação e acolher pessoas e circunstâncias são fundamentais para o processo de amadurecimento e transformação humanos.

Numa época em que é tão comum demolir prédios para construir outros, jogar fora o que está ultrapassado e adquirir novas peças e pessoas, é cada vez mais raro encontrar indivíduos que renovem coisas velhas, que tolerem relações e ambientes desgastados, ou saibam ser criativos no caos.

Aceitar as coisas que não podem ser mudadas, nos poupa tempo e esforços gastos com “novos projetos” que nem sempre são mais edificantes.

Em sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo fala que a metamorfose necessária para experimentarmos a boa, agradável e perfeita vontade divina para o ser humano, vem pela renovação diária da mente, pela intimidade com Deus e não conforme a cabeça dos outros ou pelas grandes mudanças no mundo. (Rm 12.2).

Renovar a mente é mais importante do que ter uma boa aparência; crescer com os sofrimentos é melhor do que nunca sofrer; amar e ser amado valem mais do que poder e posses; transformar sonhos para que a realidade se torne um sonho traz mais felicidade…

Aceitar os erros humanos é um ótimo começo para facilitar a vida e os relacionamentos entre pessoas tão imperfeitas e precárias que todos nós somos! Isso não significa concordar com tudo, ou que as pessoas não podem melhorar, mas faz parte das transformações que vêm pelo diálogo sincero e construtivo, apoiado em verdade.

Respeito, aceitação e valorização caminham junto com o amor, que é a força que move o mundo. Esse amor promove importantes transformações, primeiramente em meu interior: o princípio das mudanças…

Sonhos…

Contemplar a paisagem bucólica, sentir o sussurro do vento, relembrar imagens, olhares, palavras, rostos, atos e melodias doces de um passado ou esperados para o futuro, alimentam e resgatam em mim a integridade da minha identidade, a criatividade, a harmonia, a paz, a plenitude do amor platônico… sonhos…

Porém, às vezes, vejo-me tão mergulhada em “sonhos distantes”, que quase não consigo acordar para a realidade do meu cotidiano, que, apesar de preciosas vivências, apresentam imperfeições, lutas desgastantes, carências, responsabilidades e compromissos sem fim.

Assim, meus movimentos constantes envolvem descansar os esforços, sonhar os anseios da alma, acolher as saudades, ver o futuro com fé, mas, sobretudo, viver o presente com coragem, sobriedade, fé, verdade e sabedoria, dia após dia.

Que meus sonhos nunca me afastem das pessoas, do mundo ao redor e nem do voto que firmei com Deus de amá-lo com tudo o que sou: meu coração, minha alma, minha força e meu entendimento.

Então, meu desejo é que no profano das ações e pensamentos cotidianos, e também, das paixões e dos sonhos atemporais, eu saiba viver e cultivar o sagrado de cada momento, acolhendo cada sentimento e cada pessoa que fazem parte de meu ser.

Que eu possa sonhar, voar e transcender, sem perder-me de mim, do colo de meu Pai, das relações com as pessoas e da vida ao redor… Esse é meu sonho…

O ser humano divino

Jesus, a presença humana e humilde do próprio Deus, passa a noite orando e logo cedo, já está ensinando às multidões e curando-as por toda parte. Em contrapartida, escribas e fariseus, religiosos presunçosos de poder divino, ocupam-se noite e dia em testar, oprimir e até matar pessoas “em nome de Deus”.

Enquanto os falsos religiosos legalistas e fundamentalistas potencializam o mal da humanidade, estigmatizando e excluindo as pessoas que Deus ama; Jesus, perfeito homem à imagem de Deus, mostra o que se faz quando se tem todo o poder: ama e serve a todos sem manipular nem deixar-se manipular. Cumpre o propósito divino, executa em corpo humano as ações de Deus: Acolhe, perdoa, cura, liberta, salva e abençoa as pessoas divinamente…

Pessoas desprezam Jesus, mas são elas que estão sendo desprezadas com essa atitude… Indivíduos testam Jesus, mas são eles que estão sendo testados… Muitos acusam, julgam e condenam outros, mas, com isso, aqueles mesmos é que se tornam culpados… Que ironia!

Em Jesus, é-nos revelada a expectativa que o próprio Pai deposita em seus filhos: Que sejamos tais quais seu filho amado, que mesmo em figura humana, humilhado, traído e abandonado, não se embruteceu ou devolveu mal pelos males sofridos. Permaneceu íntegro na missão de amar a Deus com toda a sua alma, coração, entendimento e forças, e também em amar ao próximo como a si mesmo, até as últimas consequências.

Numa carcaça de vaso de barro, Deus deposita seu próprio Espírito para transformar de modo precioso àqueles que aceitam seguir os passos de seu filho.

Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida…

O que são riquezas?

Bens não podem ser considerados riqueza se não podem ser partilhados ou transformados em bem à humanidade e ao planeta em que vivemos.

Petróleo, ouro, saúde, beleza, paz, alimento, alegria, moradia, conhecimento, paisagens, talentos, fé, eletrônicos, família, amigos… São riquezas na medida em que nos tornam mais humanos e contribuem para que esse mundo seja melhor.

Por isso, acolho e compartilho tudo (inclusive os erros) que me tem ensinado e faz crescer, sejam coisas, vivências ou pessoas, mesmo incompletas, como eu, que tateando e balbuciando, buscam caminhos e tesouros duradouros…

Anseio por preciosidades que se não evaporem do coração quando vêm as dificuldades… Que façam corações baterem fortes, olhos enxergarem cores, mentes renovarem, a compaixão doer, a fé renascer…

Assim prossigo, compartilhando dores e amores, minha e de outros, num processo solidário e horizontal, às vezes, solitário, vertical e transcendente, que enriquece a alma!

Meu Deus e eu no meu dia a dia

Muitas pessoas pensam que relacionar-se com o transcendente consiste em freqüentar um local místico, ir ao culto ou à missa aos domingos. Pensam que esta prática semanal é tudo o que se espera de sua espiritualidade.

De fato, na antiguidade, judeus e pagãos iam aos seus templos para oferecer sacrifícios que agradassem a divindade, buscando perdão de pecados, purificação ou favores.

Conforme São Paulo em sua carta aos Romanos (Rm 12.1), oferecemos nosso próprio corpo como culto a Deus: sacrifício vivo, santo e agradável. Todos os pensamentos, sentimentos e atividades físicas laborais ou lúdicas, fazem parte do culto de adoração a Deus.
Jesus afirma que nessa adoração, mais importante que local e hora, é o coração do adorador que se aproxima de Deus em espírito e em verdade (João 4.24).

O propósito do culto a Deus é a vida plena do ser humano, com liberdade para amar e ser amado em sua relação consigo mesmo, com outro, com a natureza e com Deus.

O mais fascinante do cristianismo é que Jesus veio ao mundo para mostrar que Deus se faz presente e próximo no meio das pessoas. Que não há mais a necessidade de pagar pelos pecados e em carregar culpas, pois, ele a tudo isso levou na cruz e ressuscitou para mostrar o caminho e o destino de todos que aceitam viver nesse novo tempo, em que só nos restam os sacrifícios de gratidão cotidianos.
Infelizmente, muitos não acreditam que Deus esteja notando ou se importando com suas ações, pensamentos ou sentimentos.

Mas Deus vê tudo o que fazemos e sentimos.

Segue uma pequena história para ilustrar esse pensamento:

“Era o inverno de 1489: Um dos mais frios que já houve na cidade de Florença, Itália. Tudo estava coberto de neve e o coração de Michelângelo estava muito apertado, pois, o seu patrocinador, Lorenzo de Medici, Granduque de Florença, falecera. O filho, Duque Piero, não entendia nada da arte de Michelângelo e não estava interessado em patrocinar suas esculturas.

Um dia, o novo Duque resolveu dar uma grande festa no palácio e lembrou-se de Michelângelo. Chamou-o e pediu-lhe que fizesse uma grande escultura de uma estátua. O duque lhe disse que podia usar o material que estava no jardim. Michelângelo ficou super animado, mas ao chegar ao jardim, viu que só havia gelo!

Não sabemos o que Michelângelo sentiu. O que você sentiria? Raiva? Frustração? Ofensa? Perda de tempo? Era digno o esforço em esculpir o gelo que ia derreter?

O fato é que ele começou a trabalhar sem demora. Horas e horas se passavam e sob aquele frio intenso, Michelângelo amontoava gelo sobre gelo, até formar um enorme bloco, para então, começar a esculpir.
Começou no topo (geralmente a escultura é feita de baixo para cima). Michelângelo não parou, mesmo sabendo que aquilo podia ser uma piada e que ia derreter.

Ele tinha decidido que se o que ele fizesse pudesse tornar Florença mais bonita, mesmo que por algumas horas, ele ia pôr seu coração nisso.

A obra estava terminada. Os convidados chegaram. Ao invés de risadas, houve um sufocante silêncio entre todos.

A estátua parecia respirar e andar… Era uma representação fantástica de Davi, da Bíblia.

Com isso, o próprio duque Piero, deu a Michelângelo o mármore para que refizesse sua obra.

Há 500 anos, milhões de pessoas já foram a Florença ver essa obra magnífica que foi feita, inicialmente, no gelo e pesa, aproximadamente, seis toneladas de mármore.

Em nossa vida, muitas vezes, nos sentimos como Michelângelo: esculpindo em gelo e perdendo tempo e esforços com algo que nem vai permanecer.

É o que sentimos no trabalho, diante de um chefe que não nos valoriza; criando filhos rebeldes e ingratos; treinando jogadores cujo time está perdendo feio; cuidando de pais idosos, diante do serviço doméstico diário que nunca termina e que poucos veem.
Tudo isso, como cada ato de fé e perseverança tem muito valor aos olhos de Deus. São os nossos sacrifícios de ações de graças, de fé e de amor. Nosso corpo sendo usado para culto a Deus como sacrifício vivo santo e agradável.

A estátua de gelo virou mármore. Os nossos sacrifícios diários a Deus terão efeito eterno.

Contemplar…

Olho o mar por um momento:
Paro, sinto, espero…
Descanso as perguntas,
cesso as respostas.
Enquanto a alma se acalma,
a ansiedade se aquieta,
contemplo…
Mergulho na imensidão dessa água salgada
de lágrimas… suor… soro…
Em que as ondas explicam
os movimentos que curam,
harmonizam a inquietação,
os pensamentos arrumam…
Então, em algum momento,
no caos da dor,
nasce o amor…
Em colo divino,
ressuscita a alegria…
A eternidade nesse instante.

Reciclando…

“Restodonté”, “Tacoquitem”, “Soborô”…
Reaproveitar os restos de comida é uma arte que recusa jogar fora o que ainda tem valor, ainda que seja um minúsculo “restinho” daquilo que foi preparado com carinho, criatividade, custo e conhecimento…
Basta dar uma nova cara num novo sabor, e “tcharam”: Um novo alimento pra ser degustado, fazer bem à saúde e ao bolso!
Por outro lado, se não tomar cuidado, há o risco de servir um alimento, cujo gosto alterado ou de integridade duvidosa, põe em risco a harmonia da mesa… do banheiro… Xiii…
Não é esse o movimento da vida?
Guardar e reaproveitar o que tem valor para alimentar nossa alma?
Saber desfazer-se de algo que se estragou ou não presta mais?
Se não fizermos isso no dia-a-dia com comida, sapatos, roupas, livros, aprendizados, sonhos, mágoas e paixões, corremos o risco de nos apegar ao que já não existe, ou manter guardadas e esquecidas coisas de valor até que fiquem inúteis, cercando-nos de coisas que tornam a vida indigesta… congestionada… melancólica…
Portanto, de tempos em tempos, é bom vasculhar a geladeira, os armários, os relacionamentos, a mente, o coração…
Analisar, recolocar ou desapegar-se em tempo oportuno, reencontrando preciosidades e despedindo-se do que já partiu, mantendo aquilo que ainda tem valor invisível… energia vital.
Dessa forma, em processos criativos, alegres, e por que não, sofridos,
Conseguimos mais espaço e liberdade, para um viver mais saudável!