Em nenhum lugar do mundo um atentado terrorista – como foi o atentado do Hamas em 7 de outubro – é respondido com um genocídio. Exceto em dois países: EUA e Israel.
Os EUA o fizeram em muitas ocasiões desde 1947 – e, com essa característica, no Iraque –, enquanto Israel tem feito isso desde o Nakba, em 1947, contra um único povo, os palestinos.
Evidentemente que os genocídios e massacres de civis foram muitos, mas desta forma temos poucos. E a técnica é sempre a mesma: aproveitar um momento de comoção pública para promover o assassinato em massa de toda uma população civil.
Mas o que o governo atual de Israel está fazendo é ir ainda mais longe. Está arrastando o mundo para uma guerra mundial. E já começou.
As primeiras notícias do Mar Vermelho já chegaram. Os hutis (em inglês, Houthis), grupo armado baseado no Iêmen e em guerra com a Arábia Saudita, está atacando embarcações nesta região, fazendo com que a rota comercial global seja parcialmente paralisada.
As consequências são óbvias: o aumento dos custos de transporte marítimo leva ao aumento significativo dos preços em todo o mundo, com graves consequências para a economia. O aumento da pobreza na própria região será uma delas.
Claro que os países desenvolvidos pouco se importam com o fim da pobreza no mundo. Não é uma prioridade. Mas economias já em dificuldade, como os EUA e a Alemanha, terão a certeza de uma grave recessão em 2024.
O objetivo dos hutis ao bloquear o Mar Vermelho é simples: se Israel continuar bombardeando seus irmãos palestinos, os hutis irão atingir os EUA e a Europa onde mais dói para eles: a economia e seus lucros imediatos.
A má notícia é que isso é exatamente o que o governo atual de Israel quer.
Não que Israel o queira como motivo primeiro – há vários outros objetivos estratégicos, como você pode ver em detalhes nesse vídeo. Mas o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu não se importa com consequências desse tipo, desde que ele alcance sua meta principal, que é distrair a opinião pública para a sua própria condição de investigado.
Uma vez que a guerra acabe, o que pode durar anos, Netanyahu estará condenado pelos crimes cometidos em seu próprio país. Mais difícil será uma condenação no Tribunal Penal Internacional, já que o lobby global não permitirá o avanço das acusações vinculadas ao primeiro genocídio da História transmitido ao vivo pela televisão.
Para quem acha que Netanyahu não está se esforçando, talvez tenha passado despercebido que o Exército de Israel não só está assassinando lideranças que nada tem a ver com os ataques terroristas na Palestina – incluindo na Cisjordânia, onde o Hamas não governa –, como também no Iraque, Líbano, Irã, Síria e outros.
Importante destacar que os ataques militares de Israel em países vizinhos estão longe de ser uma novidade. Abra qualquer site jornalístico na região para verificar que se trata de prática comum.
Claro que há outros culpados – ou Adolf Hitler, por exemplo, foi o único arquiteto do nazismo? Mas é um final trágico à vista: Netanyahu, que ocupou por 16 anos a posição de líder máximo de Israel, está agora no mesmo papel histórico que Hitler, no seu projeto insano de colonizar e atacar toda a região que acredita ter sido uma divina promessa aos judeus.
A comparação entre Hitler e Netanyahu é conhecida e trágica. Mas aqui cabe uma ressalva: há poucos judeus que apoiam tal loucura extremista. E muitos israelenses (judeus ou não) foram capturados não só pelo extremismo do Hamas como também pela extrema-direita israelense que, tal como Hitler, chegou ao poder pelo voto e tomou de assalto o Estado. A história se repete como farsa.
Como acabou o delírio de poder de Hitler? Pela união inusitada entre o Ocidente e os comunistas. Teremos essa união de opostos políticos desta vez? O cenário, infelizmente, é muito diferente e um tanto quanto imprevisível.