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Voy a pasar la vida

-Voy a pasar la vida
más o menos inútil,
más o menos poeta.
No habré tenido un hijo.
No habré sido magnate ni gerente de lucros,
ni albañil o mecánico.
Habré plantado unos contados árboles
y habré escrito unos libros,
muchas cartas,
hojas hijos al viento.

-Procura que la Gracia y la Ternura
llenen de vino nuevo …
tu ánfora de barro.
Dios mide a su manera la eficacia.
Ama a todos los hijos de los hombres.
Di tus palabras como las semillas
que mueren pero brotan.
Haz de tu corazón célibe solo
un ambulante hogar desatrancado,
una lona de circo bullanguero.
Deja las digitales de tus pies peregrinos
como besos en llama solidaria
sobre la carne de la Madre Tierra.
Posa tus ojos, tibios ya de ocaso,
como lumbres de aceite, acurrucadas
en la vigilia universal del Tiempo.

¡No pasarán, se pasarán!

«No pasarán, amor, no pasarán».
¡Se pasarán!
Se pasarán de listos los que piensan
que pueden impedir que nazca el Día.
Se pasarán de necios si pretenden
acallar el volcán de corazones
de América Latina
Momotombo
de luchas y esperanzas.

Se pasarán de pútridos
recontando sus dólares de muerte.
Se pasarán de viejos
mientras nuestra chavala rojinegra
contamina de fiebres de utopía
a todas sus hermanas.
Se pasarán de escribas, esclavos de la ley,
mientras Jesús de Nazaret camina
-presencia solidaria de Dios- entre los Pobres.

… Si pasan por encima de nuestro cuerpo, un día,
no pasaremos nunca: ¡Amor, no pasarás!

 

Optar pelos pobres e pela pobreza também

A opção pelos pobres é uma opção sempre atual, pelo menos para um cristianismo que mereça este nome. Atual e essencial. Por dois motivos: porque é a opção do Deus de Jesus e porque é uma opção que afeta estruturalmente a vida da sociedade humana e a missão da Igreja.

É justo reconhecer que a Igreja, genericamente falando, sempre optou pelos pobres em termos de caridade beneficente, de assistência pontual, às vezes também de misericórdia heroica. Comblin, sempre incisivo e lucidamente demolidor, como um profeta bíblico, escreve que “a opção pelos pobres ainda é uma invenção a ser posta em prática”; e que “não podemos imaginar toda a transformação que implica para uma Igreja habituada a se adaptar às classes dominantes”. Acrescenta ainda, duro e veraz: “Como é sabido, a fórmula opção pelos pobres foi imediatamente corrigida pelo magistério. Disseram: “Opção preferencial, não exclusiva, pelos pobres”. O que se quer dizer com a expressão não exclusiva? Na prática se quer dizer; Não até o ponto de que tenhamos que mudar nossos comportamentos, nossas estruturas fundamentais, que são de classe média”. “Fazer a opção pelos pobres é hoje um desafio quase impossível, porque supõe uma ruptura com a cultura dominante e não há nenhum signo de que a Igreja católica queira se distanciar da cultura dominante.”

Hoje a opção pelos pobres deveria ser mais provocativamente atual, porque a pobreza é maior e mais globalmente estruturada. Porque os pobres são pobres como pessoas e como povos, vivem na pobreza e estão sem poderes e são sempre mais empobrecidos e despojados. Já não são apenas pobres, são também excluídos, sobrantes, não existem para o sistema.

A tentação, que Comblin aponta como pecado real, é forte mesmo e consiste em relativizar essa opção e fazer dela uma entre outras opções cristãs.

É interessante observar, em vários textos de Comblin, como ele faz questão de proclamar, com o Evangelho na mão, que os ricos também podem se salvar. Jesus, vem dizer Comblin, não ignorou os ricos nem os condenou simpliciter: apenas … lhes exigiu, lhes exige e lhes exigirá sempre que deixem de ser ricos privilegiados e excluidores. Conjugar isso honestamente, na vida prática, eis a questão! Coração de pobre e vida de rico, isso parece uma contradição nos termos, evangelicamente falando.

Trata-se então de firmar a opção pelos pobres; de retoma-la, lucidamente, atualizadamente, mundialmente, estruturadamente.

E essa estruturação da opção pelos pobres, essa sua mundialização, exige optar-se também pela pobreza. Para a Humanidade, submetida hoje como nunca a tentação do ter e do consumir, do lucro e do privilégio, se impõe uma virada radical: da civilização do capital para a civilização do trabalho, da civilização acumulação para a civilização da partilha, da civilização do privilégio para a civilização da igualdade fraterna. Desta civilização, que chamamos ocidental (e às vezes “ocidental-cristã”), para a “Civilização da pobreza”, como pedia o teólogo mártir Ellacuría, nos tempos heroicos de El Salvador. Ou a “Civilização da sobriedade”, para ajudar a entender a pobreza sem a acusação – desculpa de “pauperismo”.

Evidentemente, não estamos a favor da pobreza dos pobres. Estamos contra sua pobreza injusta e contra a riqueza iníqua dos ricos. Optamos pelo testemunho de vida e morte do pobre Jesus de Nazaré. Optamos pela pobreza do Reino, proclama feliz no código das bem – aventuranças.

A opção pela pobreza que o Evangelho nos exige inclui necessariamente uns valores profeticamente contestatários. Rafael Aguirre, em seu livro Ensayo sobre los Orígenes Del cristianismo, destaca três grandes valores centrais preconizados por Jesus, que simultaneamente contestavam e contestam antivalores de seu tempo e de todos os tempos. Diante do prurido da honra, a simplicidade e “o último lugar”; diante da paixão pelo poder, a constante disponibilidade para o serviço; da cobiça do ter, o despojamento e a partilha; diante da lógica da força, o instinto divino da doação e do amor desinteressado.

Optar pelos pobres e pela pobreza, assim entendido, é lutar pela justiça, pela fraternidade, pela paz. Quando se proclama nos fóruns alternativos que “um outro mundo é possível”, quer se dizer que é possível e necessário um mundo significativamente “outro”. Sem agressões à natureza, tão brutalmente depauperada por esta nossa civilização industrial; sem prepotências pessoais, ou nacionais, ou imperiais, para possibilitar o concerto dialogante e pacífico dos povos e das culturas; sem consumismo desenfreados que necessariamente produzem a fome e a exclusão. Um mundo sem Lázaros e sem Epulões. “Uma família de mais ou menos todos iguais”, como pedia generosamente o patriarca sertanejo da ilha do Bananal.

Deve-se lutar pela justiça, pela paz, “pobremente”, com a simplicidade do coração e com meios popularmente e evangelicamente pobres. Não se vence a riqueza injusta com uma militância rica! A própria evangelização não justifica o poderio, a ostentação, o marketing.

A tentação, dizíamos, é encostar a opção pelos pobres, como uma opção secundária, opcional. E é mais tentação ainda, por mais sofisticadamente apresentada, a tentação de considerar anacrônica antimoderna, desfuncional, a opção pela pobreza evangélica – nas pessoas cristãs, nas famílias cristãs, nas congregações religiosas, nas cúrias e nas excelências eclesiásticas. São tentações muito atuais e sedutoramente formuladas. Teria passado a época do Evangelho “sem glosa” , a época dos entusiasmos de Medellín e a época dos martírios pelo Reino. Agora estamos na modernidade pós – moderna e no carismatismo apaziguador. Não estão na moda nem os grandes relatos, nem os grandes paradigmas, nem as grandes opções …

Bernhard Häring, depois de ter revolucionado a visão e o ensino da moral cristã, nos deixou, em seu livro Rezo porque vivo, vivo porque rezo, este pedido testamentário: “Não temos outra alternativa, se queremos ser cristãos: devemos fazer nossas as opções do pobre de Javé, esposar a pobreza e estar atentos a todos os pobres que vivem ao nosso redor, depois de termos traçado uma vida em virtude da qual se suavize a miséria em todas as partes do mundo”.

Para Enrique Angelelli, pastor de tierra adentro y mártir prohibido: Queremos que la Iglesia del miedo recupere la voz y la andadura

Caíste en el camino, desabrochando el Llano,
con los brazos abiertos en asumida Cruz.
Mientras agosto calcinaba de odio, chapado en las guerreras.
(Mientras la Iglesia echaba sus cerrojos prudentes,
negándose a la Muerte y a la Resurrección.
Mientras sobre la Pampa quebraban sus relinchos
los mil potros domados,
hijos del viento indómito,
y el gaucho Martín Fierro
lloraba
de vergüenza…
Patria de San Martín, libertadora un día,
triste llama celeste, ¡tu bandera arriada!)
Caíste en el camino, santiguando la marcha, Enrique,
pastor bueno.
Precediendo tu paso, Chamical destacaba sus diáconos pascuales,
también sobre el camino.
(«Hay que seguir nomás»,
por el camino
de Emaús, en la tarde.
Por «la tierra preñada de vida» prohibida.
Con el pueblo que anda, noche adentro, callado,
detrás del alba nueva…).
«Con un oído puesto al Evangelio
y el otro al Pueblo», fiel entre los fieles,
caminabas llanero, en catequesis viva.
Empapadas tus páginas de rocío y sudor y padrenuestros.
Leídas, letra a letra, por los ojos del pueblo acompañado.
«Pelado» como un cerro, claro como un arroyo,
libre como Jesús.
Quemados en el fuego del servicio todos los oropeles.
Pelado como el pueblo de los pobres.
Como el cardón
hirsuto de silencio y escucha,
rebelde de esperanza,
sin otras concesiones
que la raíz primera
y los desnudos brazos:
¡fibra y vigía de la Patria Grande!
«Sólo se es poeta cuando se muere»
(el ave deshoja en el ocaso toda su antología).
Sólo se es profeta cuando se muere, hermano.
La «chaya» que te canta
–«trenzado» de las voces de tu pueblo–
no callará jamás tu profecía, Enrique.
Los cerros de Anillaco y de Calmayo
repetirán tu confinado nombre
a toque de campanas, entre el viento y la estrella.
Cada niño que nazca en la Rioja
sentirá, con el agua del bautismo,
el tacto luminoso de tu sangre apostólica.
Tu cruz, la Cruz de Cristo, la piedra consagrada de tu pueblo,
no cederá a las bombas sacrílegas del odio.
Las ruedas que cortaron tus pies agonizantes
levantaban tu vuelo, para siempre,
sobre el Llano del corazón de América…
Tú vives, nos precedes, tu sangre nos convoca.
La Rioja, Argentina, la Patria Grande entera
necesitan sentirte presente en la calzada.
Queremos rescatar, con tu memoria, Enrique,
la memoria de Pascua, camuflada de ritos reticentes.
Queremos desnudar, a pleno testimonio, al aire del Domingo,
la tumba que sellaron el Templo y el Pretorio.
Queremos que la Iglesia del miedo
recupere
la voz y la andadura
–vestida con la estola de tu sangre,
vestida con los ríos de sangre y de sollozos
y ausencias
de tantos hijos suyos…–.
Para «desenterrarle la luz» que esconde, omisa.
Que «los del Puerto» nunca más ahoguen
la voz de la Quebrada, verdad de tierra adentro.
Que no se diga más que «en Buenos Aires
(casi) todo es mentira».
Que no se niegue a ser latinoamericano Buenos Aires:
hijo que debe ser de tierra adentro, ese lobo de mar cosmopolita.
(Los buenos aires, fuertes, de la sierra,
más que los buenos aires, ambiguos, de la mar…).
Que las Madres fecundas de la Plaza de Mayo
–alaridos de América en dolores de parto–
consigan dar a luz
el Hombre Nuevo,
el Nuevo Pueblo Libre,
¡la gran Patria Amerindia, negra, criolla, ella!
Adolfo tallará la paz de la justicia
con el cincel de su sonrisa larga,
con todos los cinceles anónimos del pueblo.
Y haremos, aquel día, el grande Tinkunaco,
rebosando cantares el corazón de América.
Toda la Mama Tierra se encontrará con Dios y con el hombre
en el Niño «vestido con la carne del pueblo»:
¡El único Alcalde que reconocemos!
¡El único Alcalde que reconocemos!
¡El único Alcalde que reconocemos!
(Es bueno que lo sepan
los señores del Norte,
los virreyes de turno,
los lacayos del juego).
Entretanto, Enrique, Pastor de Tierra Adentro,
testigo interceptado,
«hay que seguir andando nomás», por el camino de Emaús,
en la tarde.
Con el pueblo que anda, noche adentro, obstinado,
detrás del alba nueva;
presente a nuestros ojos el Desaparecido
(los desaparecidos);
abierta la posada del Encuentro, quizás en la penumbra;
cantando en nuestras bocas el vino de la Sangre,
nutriendo nuestras vidas el pan de la Promesa.
(«Hay que seguir nomás» por el reguero de tanta sangre,
Enrique…).

Reino, justicia y verdad

Con un callo por anillo
monseñor cortaba arroz.
¿Monseñor martillo y hoz?
Me llamarán subversivo
y yo les diré: lo soy.
Por mi pueblo en lucha vivo.
Con mi pueblo en marcha voy.
Tengo fe de guerrillero
y amor de revolución
y entre evangelio y canción
sufro y digo lo que quiero.
Si escandalizo, primero,
quemé el propio corazón
al fuego de esta Pasión,
cruz de su mismo Madero.
Incito a la subversión
contra el Poder y el Dinero.
Quiero subvertir la ley
que pervierte al pueblo en grey
y al Gobierno en carnicero.
(Mi Pastor se hizo Cordero.
Servidor se hizo mi Rey)
Creo en la Internacional
de las frentes levantadas,
de la voz de igual a igual
y las manos enlazadas….
Y llamo al Orden, mal,
y al Progreso, mentira.
Tengo menos paz que ira.
Tengo más amor que paz.
¡Creo en la hoz y en el haz
de estas espigas caídas:
una muerte y tantas vidas!
¡Creo en esta hoz que avanza
-bajo este sol su disfraz
y en la común Esperanza-
tan encorvada y tenaz!