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Marcelo Rubens Paiva e a carta aos militares

O escritor Marcelo Rubens Paiva escreveu uma bonita crônica em forma de carta aos militares que torturaram e mataram seu pai, o deputado Rubens Paiva.

No texto está dito tudo sobre o direito da Nação à verdade sobre aqueles tempos sombrios. Marcelo tinha tudo para querer vingança, mas optou apenas por fazer um apelo ao caráter dos homens. Leiam Meus Caros Generais aqui.

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Entrevista: Daniel Munduruku

[Daniel Munduruku, referência da literatura indígena brasileira].

Autor de mais de 30 livros sobre a cultura dos povos nativos, Daniel Munduruku é considerado um dos mais influentes escritores da atual literatura indígena produzida no Brasil. Formado em filosofia, com licenciatura em história e psicologia, e doutorando em educação pela Universidade de São Paulo (USP), afirma que a escola brasileira ainda reproduz uma visão meticulosamente construída pelos colonizadores no século 16. Visão que, segundo ele, seria responsável pelo preconceito contra os índios.
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Presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (Inbrapi), ONG voltada para a proteção dos conhecimentos tradicionais das aldeias, Munduruku foi também professor da rede estadual e particular de ensino, onde lecionou para crianças e adolescentes. Dentre os livros que escreveu para o público infanto-juvenil estão Coisas de Índio, O Sinal do Pajé e Meu Vô Apolinário – que ganhou menção honrosa do Prêmio Literatura para Crianças e Jovens na Questão da Tolerância, da Unesco.
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Em O Banquete dos Deuses – Conversa sobre a origem e a cultura brasileira, escrito em 2000 e relançado este ano pela editora Global, o autor se debruça sobre a problemática do preconceito em sala de aula, investiga as origens da visão deturpada que os professores fazem a respeito dos povos indígenas e aponta caminhos para uma educação humanista no Brasil. “Minha principal preocupação é libertar as crianças do preconceito”, diz.
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Comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República, Daniel Munduruku é constantemente convidado a ministrar palestras e oficinas culturais na Europa e mantém um blog na internet (aqui). Nascido a 28 de fevereiro de 1964, em Belém do Pará, é casado com Tânia Mara, com quem tem três filhos, Gabriela, Lucas e Beatriz. Falei com ele desde sua casa, na cidade de Lorena, interior de São Paulo.
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Bruno Ribeiro – Em seu livro O Banquete dos Deuses, você aborda o problema do preconceito contra o índio. De onde vem a dificuldade de aceitarmos ou assumirmos a cultura indígena como sendo parte da cultura nacional, ou seja, de nossa própria identidade?
Daniel Munduruku –
Este livro foi escrito para apoiar os professores em sala de aula e ajudá-los a entender o que são os povos indígenas. É um suporte didático e filosófico que busca entender o Brasil de uma forma carinhosa, mas crítica. A meu ver, o grande problema do brasileiro é ter vergonha da sua ancestralidade, porque a nossa ancestralidade evoca os povos indígenas e africanos. Quando o povo se olha no espelho, vê um passado que ele renega, porque foi educado para renegar.
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O preconceito, neste caso, seria fruto da educação que recebemos em casa e na escola?
Durante muito tempo, a educação foi um instrumento importante na estratégia do Estado brasileiro de negar a existência dos povos indígenas. Somos educados para repetir a imagem do indígena transmitida no século 16, ou seja, uma imagem que reforça a visão estereotipada criada pelos colonizadores.
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Como você, quando estudante, absorvia a imagem negativa que era transmitida pela escola a respeito dos índios?
Frequentei a escola durante a ditadura militar, na década de 1970. Naquela época, as informações que eu tinha em sala de aula insinuavam que índio era atrasado, que índio era pobre, que índio era selvagem… Isso chegava até mim com um impacto muito violento. Passei a ter vergonha da minha cara, do meu cabelo, da minha origem… Eu não queria mais ser índio.
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Você diz que a visão negativa do indígena foi reforçada pelo regime militar. Por quê?
O governo via o indígena como um atraso ao progresso do País quando começou a abrir estradas na Amazônia. Porque os povos indígenas estavam em áreas onde as estradas tinham que passar ou porque estavam em terras que o governo havia vendido para investidores estrangeiros. Era preciso exterminar os índios para que a Amazônia se “modernizasse”. Aqueles que eles não conseguiam exterminar, tinham que ser “incorporados” à sociedade, ou seja, tinham que ser “educados” como brancos, tinham que ser “civilizados” à força. O discurso não era explícito, mas a escola reproduzia esta ideia.
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E essa ideia persiste até hoje?
Até hoje. Costumo dizer que o Brasil é um país adolescente. Não é velho como a Europa, mas também não é mais criança. É um adolescente e, como tal, está vivendo uma crise de identidade.
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Você acabou de contar que também viveu uma crise de identidade na adolescência, quando passou a ter vergonha de sua origem. Como foi que resgatou o orgulho e passou a valorizar a sua cultura?
Nas idas e vindas da aldeia para a cidade – eu estudava em Belém do Pará – fui entendendo que havia um abismo cultural entre as duas realidades. Eu vi que até podia abandonar a aldeia, mas não podia abandonar a minha raiz. Quem mudou a visão negativa que eu fazia de mim mesmo foi meu avô Apolinário. É claro que não foi da noite para o dia, mas o avô foi mostrando, às vezes com sábias palavras, às vezes apenas com o silêncio, que aquela era a minha família e que longe dela eu seria infeliz. Com meu avô aprendi o valor da ancestralidade.
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De que forma o Estado e os professores poderiam trabalhar para combater o preconceito?
O governo Lula tem feito a sua parte. Por exemplo: a lei que obriga as escolas a incluírem a história afro-brasileira e indígena na grade curricular. Os efeitos dessa lei não podem ser sentidos ainda, mas a médio prazo teremos uma geração menos preconceituosa, com mais consciência crítica. Agora, é preciso entender que escola não é tudo na vida. Ela ajuda a gente a compreender melhor o mundo, mas de nada serve se continuar formando apenas para o mercado de trabalho. Se queremos transformar a realidade, temos que passar por outro tipo de experiência que a escola não ensina.
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Que outra experiência seria esta?
Aprendi com meu povo que educar é fazer sonhar. Na sociedade moderna ocidental, os sonhos ficam presos dentro das crianças. Porque, para a sociedade, aprender é ficar trancado numa sala ouvindo alguém falar um monte de coisas que não interessam. A escola da cidade não ensina ninguém a ser bom. Ela ensina a criança a competir, ou seja, não educa para a vida, mas para o mercado. É a educação familiar que vai fazer um homem ser bom.
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Uma boa educação passa pela consciência ambiental?
Não acredito nisso. Porque a própria ideia de “sustentabilidade” está baseada na culpa. Ter uma “consciência ambiental” significa que vocês consideram o meio ambiente como algo a ser explorado. Não há meios mais ou menos nocivos de explorar a natureza. Vocês teriam que mudar radicalmente a visão que têm de progresso, desenvolvimento, consumo e propriedade. O ser humano precisa se sentir integrado ao planeta Terra.
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É cada vez maior a presença de novas tecnologias nas aldeias. Como os jovens indígenas estão lidando com a internet e a televisão? Estes meios representam uma ameaça à ancestralidade?
Em termos, porque a internet e a televisão estão contaminadas pelo preconceito, pelos padrões estéticos e pelos valores da cidade. Mas não podemos apenas condenar a tecnologia, pois ela também ajuda a melhorar a vida nas aldeias. Hoje os indígenas não precisam mais sair de casa para ter acesso à informação, como eu tive que fazer no passado. Eles usam a internet, estão conectados com o mundo lá fora, mas continuam mantendo a sua cultura porque estão inseridos no cotidiano da aldeia. Conheço indígenas universitários que moram na cidade e mantém uma cabeça totalmente ancestral. A maioria manifesta o desejo de voltar para a aldeia depois de se formar.
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As pessoas ainda se surpreendem ao descobrir que um índio pode frequentar a universidade e ter carro, internet e celular?
Sim, muitas pessoas ainda pensam no índio como um ser selvagem, que anda nu no meio do mato e, às vezes, come carne humana para não perder o costume (risos). No livro, conto uma situação que vivi no metrô de São Paulo. Peguei a conversa de duas senhoras, atrás de mim, que tentavam descobrir se eu era índio ou não. Uma delas apostou com a outra que eu não era índio porque estava usando calça jeans e relógio (risos).
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Você é um dos mais destacados autores indígenas da atualidade. Qual é o espaço que a sua literatura ocupa hoje no Brasil?
Estou satisfeito com a visibilidade que o mercado está dando para a literatura indígena em geral. Mas é importante dizer que estamos conquistando espaço não porque somos “exóticos”, mas porque escrevemos bem. A literatura indígena tem qualidade e vem sendo reconhecida pela sociedade. Atualmente, no Brasil, temos cerca de 30 autores indígenas de significância.
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É uma obrigação ou uma necessidade o engajamento político e social dos autores indígenas?
É bom lembrar que muitos antropólogos, antes de nós, escreveram livros voltados para a defesa da causa indígena. Valorizamos os seus esforços, mas, quando falamos de literatura indígena, estamos falando de indígenas que escrevem o que vivem na pele. Ela nasce quando os índios começam a assumir seu papel na sociedade. É natural que seja engajada, pois durante muito tempo nossa voz não foi ouvida. Mas isso não é uma regra. Tanto que a maioria dos nossos livros é voltada para o público infanto-juvenil.
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O que a literatura indígena tem a nos ensinar?
A gente tem uma preocupação em educar a sociedade, em fazer com que ela perca seus preconceitos e passe a olhar o índio como um igual, como parte do povo brasileiro. Por isso, a nossa literatura não pode ser superficial, ela tem que inserir o leitor no cerne da cultura indígena. Nós colocamos a nossa riqueza a serviço da Nação. Se hoje o Brasil tem a Amazônia em pé, com toda a sua exuberância, não é por causa dos empresários, das ONGs ou do governo. A Amazônia continua viva porque ali tem índio. Os povos indígenas tem outra relação com a terra e podem oferecer uma saída para o mundo.
Entrevistado por Bruno Ribeiro (http://botequimdobruno.blogspot.com)

Só faltava essa

Agora a Fifa pretende dificultar a vida dos bares e restaurantes que pretendem exibir, em televisões ou telões, os jogos da Copa do Mundo deste ano. Parece piada de mau gosto, mas é verdade. Os botecos que quiserem deixar a TV ligada em dia de jogo da Copa vão ter que pedir uma autorização formal para a entidade que organiza o torneio.

Não só isso: além da Fifa, a Rede Globo terá que autorizar o estabelecimento obedecendo a critérios subjetivos que só a Vênus Platinada entende. Quem descumprir a vontade dos safados poderá ser multado e até processado. Duvida? Clique aqui então.

É evidente que o troço é ilegal, inconstitucional e não vai dar em nada. Pelo menos não quero crer que a Fifa tenha mais poder que a Constituição Brasileira. Mas fiquemos de olhos bem abertos. A tendência daqui pra frente será esta: a proibição das coisas mais simples da vida, como ver uma partida de futebol no boteco da esquina.

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Dando nome aos bois: o terrorista Boris Casoy

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Barbara Gancia, que assina uma coluna na Folha de S. Paulo, diz ser jornalista, mas não passa de uma fofoqueira. Gosta de debochar da vida alheia, de publicar fotos de seus cachorros e de bonecas simulando sexo. Além da gritante futilidade que pauta sua conduta profissional, gosta de fazer comentários levianos sobre política e esbanja preconceito quando se refere ao presidente Lula.
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Os comentários da colunista sobre a cultura da periferia levou o poeta Sergio Vaz, da Cooperifa, a responder publicamente: “É assim que se porta o fascismo diante de uma pequena possibilidade da periferia conseguir um espaço, por menor que ele seja. É raiva pura. A Casa Grande se agita na menor possibilidade de barulho na senzala. É assim que pensam muitos jornalistas, que agem como capitães-do-mato a serviço do senhor de engenho”.
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Pouco depois dos comentários de Boris Casoy sobre os garis, Barbara Gancia saiu em sua defesa. E o fez de maneira desastrosa em seu blog (clique aqui se tiver estômago), usando argumentos pífios como estes:
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“Isso é da natureza do nosso trabalho e não tem nada a ver com preconceito”.

“Só tenho coisas boas para dizer a seu respeito e não é uma bobagem sem a menor importância que vai me fazer mudar de ideia”.

“A saber: Boris Casoy teve uma rusga pública com o governo Lula. Boris Casoy é identificado pela esquerda histérica como sendo um homem de direita. E, portanto, Boris Casoy deve ser atacado a cada oportunidade que se apresente. Menas, idiotas latino-americanos, menas”
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Creio ser desnecessário revelar à dona Barbara Gancia quem é Boris Casoy. Ela, que conviveu e trabalhou com ele, certamente terá mais referências do que eu — que felizmente não tive o desprazer de dividir o mesmo espaço com este senhor. Mas, ainda que eu não tenha trabalhado com Boris Casoy e não esteja entre os que a colunista classifica como “esquerda histérica”, afirmo sem medo que Boris não é apenas identificado como sendo um homem de direita. Boris é um homem de direita. E pior: da extrema direita, que deixa de ser apenas chata para se tornar perigosa.
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Mesmo que dona Bárbara saiba de tudo, recordar o passado nunca é demais, principalmente quando certos jornalistas querem apagá-lo e escondê-lo da opinião pública. Boris e os jornalistas contrários à abertura dos arquivos da ditadura militar têm lá suas razões: alguns deles eram delatores ou participaram de atentados terroristas contra pessoas que julgavam estar “envolvidas com atividades subversivas”.
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Muitos dos empresários, advogados e jornalistas que hoje posam de democratas integraram a famigerada facção criminosa conhecida como Comando de Caça aos Comunistas (CCC). A principal missão dos seus membros era vigiar pessoas próximas, investigar suas vidas e delatá-las aos órgãos de repressão. Por causa dessa paranoia direitista, muita gente que sequer estava na luta armada foi presa, torturada e morta nos porões do regime militar.
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Mas os membros do CCC não se limitavam a vigiar e delatar. Eles também articulavam ações terroristas contra indivíduos ou grupos de esquerda. Foi o CCC, por exemplo, que organizou a invasão da USP, responsável pelo massacre dos estudantes daquela universidade. O CCC também organizou a invasão do teatro Galpão e espancou os atores da peça Roda Viva, de Chico Buarque. Dentre os direitistas radicais que participaram destas ações estava Boris Casoy.
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Em reportagem publicada no dia 9 de novembro de 1968, a revista O Cruzeiro levantou a ficha dos principais membros da facção e revelou sua truculência. Alguns estão impunes até hoje, gozando de prestígio profissional e sendo incensados pela mídia. Caso de Roberto Ulhoa Cintra, atualmente colaborador do jornal O Estado de S. Paulo. Este se gabava de “nunca haver errado um tiro”, como diz a reportagem de O Cruzeiro. Além de delatores, os integrantes do CCC andavam armados e estavam sempre prontos para “apagar comunistas”.
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Boris Casoy é o sujeito na foto do canto esquerdo inferior da página. Na matéria, Casoy (grafado como Cazoy ou Kassoy) é descrito como um jovem conservador que gostava de andar armado, embora fosse visto como covarde pela própria direita. O texto é de Pedro Medeiros e as fotos de Manoel Motta. Cliquem na imagem para ampliar e leiam a matéria na íntegra entrando no site Cloaca News.

Coerência

[Foto publicada nos principais jornais do País não consegue esconder o preconceito de classe que ainda domina certos setores da sociedade]

Ontem, na coluna que assino às quartas-feiras no Caderno C, suplemento cultural do Correio Popular, de Campinas, escrevi em determinado trecho:

Existe, no País, um tipo de gente que nutre profundo desprezo por tudo o que vem do povo – sua cultura, suas crenças e costumes, seus sotaques, seu jeito de amar, sofrer e festejar. O comentário de Boris Casoy repercutiu tão negativamente porque partiu de um profissional tido como modelo de ética pelas classes mais pobres. Mas a ironia do fato não deve levar o leitor a pensar que se tratou de um mero deslize ou ato falho: comentários como o proferido pelo jornalista são feitos todos os dias, entre um uísque e outro, nas rodas da alta sociedade. Comentaristas que não respeitam garis são os mesmos que transferem seu ódio para o presidente Lula – eis uma explicação para o aumento colossal de piadas preconceituosas e programas de humor baseados na humilhação dos pobres. São o tipo de gente que se pergunta, ao ver Lula abraçado a Obama ou sendo recebido respeitosamente pelos líderes dos países ricos: ´Por que não FHC? Por que aquele analfabeto?´. O vazamento de áudio do telejornal apenas escancara o pensamento que sempre vigorou nos círculos restritos frequentados por socialites“.

Houve quem manifestasse, por e-mail, seu repúdio às minhas afirmações. Vozes do conservadorismo local, como o advogado Aderbal Bacchi Bergo e o jornalista Edmilson Siqueira acusaram-me de generalizar quando me refiro aos ricos, de incitar a luta de classes no Brasil e de sair em defesa de Lula movido por razões ideológicas ou partidárias. Não me interessa saber se vestiram a carapuça. Mas, quando me deparo com as cartas dos leitores publicadas nos jornais, como esta abaixo assinada por Debora Farah (JB, 6 de janeiro), carta na qual ela se queixa da cena, para ela vergonhosa, do presidente de seu país levando um isopor à praia e, pior, levando ele próprio, tendo a cabeça como apoio, sem recorrer aos seus seguranças e serviçais (como ela acredita ser a prática normal para alguém que detenha um cargo de poder), só posso me gabar da coerência que sempre pautou a minha vida e a minha conduta.

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Isso é uma vergonha

"Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras... O mais baixo na escala do trabalho" (Boris Casoy)

“Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras… O mais baixo na escala do trabalho” (Boris Casoy)

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A classe de trabalhadores mais arrogante e reacionária que conheço é a classe dos jornalistas. Digo isto com conhecimento de causa, pois trabalho na imprensa há dez anos e tenho presenciado comentários dos mais condenáveis. Somos, os jornalistas, seres elitistas e preconceituosos. Fundamentalmente, odiamos o povo brasileiro e tripudiamos sobre seus costumes, suas crenças, seus sotaques, seu modo de festejar, de sofrer e de falar. É claro que não tornamos público o nosso pensamento, pois também somos hipócritas o bastante para sustentar nossa imagem de homens retos e justos. Piadinhas e comentários depreciativos sobre as minorias e os pobres são feitos apenas nos bastidores, no cafezinho do corredor ou nas reuniões de pauta. No caso da TV, os apresentadores costumam revelar quem realmente são nos intervalos comerciais. Só que, às vezes, os comentários vazam:
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No dia seguinte, primeiro do ano, Casoy pediu desculpas no ar (aqui). Desculpa sem valor algum, pois a hipocrisia não conhece o arrependimento. Fosse ele honesto e teria dito: “Desculpem-me por dizer em voz alta o que realmente penso sobre os pobres”. Fosse ele um homem de princípios e ao invés de desculpas, pediria demissão. Mas é aquilo mesmo o que pensa o jornalista, a emissora que paga o seu salário e a parcela da classe média conservadora que vê neste sujeito uma referência de profissional sério e imparcial.
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Por isso, é cada vez menor a credibilidade da imprensa entre o povo. Aliás, adivinhem quem foi eleito o brasileiro mais confiável em recente pesquisa encomendada pelo Datafolha (aqui)?
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Em 2010, ano eleitoral, este botequim promete marcar em cima os safados que jogam contra o Brasil. Estamos na área e se derrubar é pênalti.
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PS 1: O botequim recomenda ainda a leitura do artigo Boris, o Filho do Brasil, do filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. (Clique aqui). Em tempo: alguém sabe o nome da vagabunda que ri do comentário no vídeo?
[Original deste texto no Botequim do Bruno: www.botequimdobruno.blogspot.com]