Quem anota é o carnavalesco da mais nova campeã do Carnaval carioca, Alexandre Louzada, da G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel. Engana-se quem pensa que no discurso de Louzada falta projeto. A própria escola anuncia: "Hoje a Vila é um grito que clama, um revolucionário canto que chama, unindo em vozes continentes, num brado forte de luta, que conclama toda a América Latina, a formar um só povo, a cantar um mesmo hino".
Uma História de resistência e boemia Vila Isabel,
terra de poetas e compositores, é um berço do samba de raíz,
símbolo de resistência cultural. Já nos anos 1920,
Noel Rosa ironizava o gosto dos cariocas pela cultura francesa. Para ele,
o samba não tinha tradução em outra língua.
Suas palavras estão marcadas no simpático barzinho "Vila
do Noel", munido de sinuca, totó e muito samba. Cartola, Herivelto
Martins e outros grandes nomes da nossa cultura também estão
presentes.
![]() Vila Isabel, Terra de Poetas e Compositores A simpática G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel foi fundada no dia 4 de abril de 1946 e fica à Avenida Boulevard Vinte e Oito de Setembro, nº 382. Em 1960 foi campeã do 3º Grupo com o enredo "Poeta dos Escravos". Em 1979 foi campeã do Grupo 1B (Ascensão ao Grupo 1A) com o enredo "Os Dourados Anos de Carlos Machado". Em 1988 foi campeã do Grupo Especial com o enredo "Kizomba, Festa da Raça" e, em 2003, foi 1º Lugar do Grupo de Acesso com "A Vila É Para Ti...". A comunidade de Vila Isabel foi a grande campeã do Carnaval 2006, depois de ter sido anos antes injustamente rebaixada, em um título que certamente ficará para a História Vila Isabel na Sapucaí em nome da integração latino-americana ------------------------------------------Segundo o cientista social Emir Sader, “a América Latina transformou-se na região mais instável - em termos sociais e políticos - do mundo. O continente que foi uma zona privilegiada de aplicação das políticas neoliberais, hoje sofre a dura ressaca dessa aventura. É por isso tudo também que a América Latina é o palco da mais ampla aliança de centro-esquerda”. Assim, os sonhos do venezuelano Simon Bolívar (1783-1830) de integração da América avançam. Gabriel Garcia Márquez, quando recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, disse que já se reconhece o direito e a capacidade da América Latina de construir sua própria arte, sua música, sua literatura, seu cinema. Apesar de ainda não nos deixarem construir o nosso próprio caminho também na política, na economia, no modelo de sociedade, o G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel apropriou-se dessa onda latina e vai à Sapucaí neste ano homenagear essa integração da diversidade cultural latino-americana. Na foto, o Mestre Mug, diretor da Vila.. ![]() “Procuramos explorar a união cultural da América Latina, procurando resgatar a identidade de nosso povo. É um tema polêmico e mexe com diversos interesses políticos. Mas, somos artistas. Não estamos fazendo propaganda política. Falamos apenas sobre a integração cultural. Daí vêm os pensamentos de Bolívar como espinha dorsal de nosso trabalho. Mas não é a política que nos interessa”, afirma o carnavalesco Louzada. Entre os patrocinadores, a escola de Vila Isabel conseguiu a ajuda do governo bolivariano da Venezuela. O presidente Hugo Chávez foi convidado para participar do desfile, chegou a assumir o compromisso, mas não confirmou presença. A escola vai ser a quinta a desfilar na primeira noite dos desfiles no Rio. Ela entrará na avenida 1h20, da segunda-feira (dia 27).
Apesar de Louzada não investir o discurso na importância política da escola levar o tema para a avenida na atual conjuntura, no portal da Vila Isabel (www.gresunidosdevilaisabel.com.br), a abertura deixa bem claro para o que a escola veio: “Hoje a Vila é um grito que conclama toda a América Latina a formar um só povo. É o samba que vem juntar essa corrente. Na resistência pela identidade de sua gente. Em cores, sons e sabores como delírios. O sonho enreda a história e voa livre”, assina a “Vila Isabel Libertadora”, entre imagens de Bolívar, Che Guevara e Fidel Castro. Samba Enredo da Vila
Isabel 2006
"Sangue
caliente" corre na veia
"Soy
loco por tí, América"
Nas densas
"Florestas de cultura"
Para
bailar "La Bamba", cair no samba
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