Acabo de chegar de uma voltinha por Cabo Branco. Orla marítima. Novos prédios, novos hotéis.
Muita gente passeando. Nenês, cachorrinhos. Gente de todas as idades. As luzes do barranco da ponta do Seixas, ao longe, foram se acendendo enquanto a gente ia andando. No céu, a lua se escondendo.
A calçada nova, já reposta em vários trechos. Tantas lembranças, em cada lugar. Lembranças de tempos diferentes. O mar confundido com o céu da noite. Uma só escuridão. Não podia deixar de pensar no ocorrido na França.
Terror lembra outros terrores. Tive a visita da violência durante muitos momentos da minha vida. Distintos tipos de violência. Conversava com a minha esposa, como as pessoas que passaram por muitas dores, nos surpreendem.
Isto fui aprendendo na Terapia Comunitária Integrativa. As dores fazem parte da vida. Aprendemos a transformar as dores em força para a vida. Não posso deixar de refletir. Como a violência é uma constante na vida humana!
Não deveria ser assim, mas é assim. Enquanto a violência atinge pessoas ao longe, isto nos horroriza. Repudiamos o menosprezo pela vida de pessoas inocentes. Sem dúvida. Mas nós, inocentes, não fomos também alvo da violência?
O que podemos extrair, como humanidade, como pessoas a caminho da nossa humanização, de tudo isto? O que eu posso ver como aprendizado é que cada vez que a violência me visitou, a vida voltou com o seu valor redobrado.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/