Deixo vir o pensamento

Deixo vir os sentimentos, sobre tudo

Nesta época de inversões

De apresentar as coisas do avesso

Vir à tona com clareza

Dizer o que é preciso

Não me confundir nem confundir

Me desconfundir

É uma tarefa que prezo acima de tudo

No meio a embates contínuos

A história e a memória me lembram

Abrir caminhos é preciso

Seguir adiante com a verdade que vemos

Universidade abre caminhos, isto é verdade

Mas caminhos se abrem também pela vida

Pela experiência, pela consciência, pela consequência

Em sermos persistentes

Em sermos a pessoa que somos

Em não nos trairmos

Em merecermos a vida que temos

Donde vem o meu saber?

Experiência é ciência também

Decência nem sempre se aprende em sala de aula

Há todo tipo de professores e professoras

Há quem apenas tente (e nem sempre consiga nem saiba como)

Razão, lógica, cálculo, informações

E há quem ao comando do amor

Junta vida e sentimento e razão e cores e tudo que anda por aí

Arte e vida

Um país de doutores saúda aquele saber que vem da rua

Da luta

De dores cicatrizadas (ou não)

De carência gerando competência

Não estou para dar lições para ninguém

Apenas tento não me esquecer de quem eu sou

E não me desalfabetizar em meio a tanta

Indústria da deseducação

Nascerá de novo este Brasil

Já está nascendo!