Após pressão popular, governo suspende estudos para barragens no Tapajós

Suspensão é uma vitória do conjunto das lutas do povo da região. Em maio e junho, os indígenas Munduruku realizaram diversas ações exigindo a suspensão das obras e estudos de barragens nos rios Tapajós e Teles Pires, onde vivem 13 mil pessoas do povo Munduruku.

O Governo Federal anunciou neste domingo (23) a suspensão dos estudos para a construção de barragens no Tapajós.

“A Funai e o governo federal como um todo está suspendendo qualquer pesquisa que estiver sendo feita aqui na região de vocês”, afirmou a assessora da presidência da Fundação Nacional do Índio, Lucia Alberg, em reunião realizada em praça pública na cidade Jacareacanga, oeste do Pará.

Ainda segundo Lúcia, os estudos só poderão prosseguir após o governo fazer a Consulta Prévia prevista na Resolução 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“Estamos nos sentindo muito felizes”, aponta o chefe dos guerreiros Paygomuyatpu Munduruku. “Ela ainda não nos deu nenhuma prova disso, estamos esperando uma prova, mas estamos muito satisfeitos com o que ela disse”.

Em maio e junho, os indígenas Munduruku realizaram diversas ações exigindo a suspensão das obras e estudos de barragens nos rios Tapajós e Teles Pires, onde vivem 13 mil pessoas do povo Munduruku.

Suspensão é uma vitória popular

“Esta é uma vitória também das comunidades ribeirinhas, dos pescadores e do conjunto da população urbana e rural desta região que também quer ser ouvidos sobre estes empreendimentos”, afirma Fred Rênero, membro da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) da bacia do Tapajós.

O Movimento vem fazendo um grande esforço, em parceria com os Mundurukus e com outras organizações, de promover amplos debates sobre os objetivos, os impactos e quem serão verdadeiros beneficiados com estas construções.

“Sabemos que estas barragens estão projetadas para gerar grandes lucros para empresas internacionais e não para beneficiar a população. Esta suspensão é uma vitória do conjunto das lutas do povo desta região, incluindo o esforço incansável dos Mundurukus, contra um projeto de morte para o Tapajós. Cabe a nós agora fortalecer as alianças e aprofundar o processo de organização por um Projeto Energético Popular que coloque nossos recursos naturais à serviço do povo”, conclui Fred.

Esta é mais uma conquista inserida no contexto das mobilizações que varrem o país. Por isso, o MAB permanece nas ruas em todo o Brasil contra as barragens, em defesa de uma energia de qualidade com tarifas justas, pelo respeito aos direitos dos atingidos e a soberania dos povos sobre seus territórios. E neste momento, também exigimos da ANEEL e dos governos a revogação dos aumentos da tarifa energia, como está prevista no estado do Paraná e outros, como também a suspensão das demissões dos trabalhadores do setor elétrico.

(Com informações do CIMI e do Brasil de Fato)

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