“A fome é uma realidade dentro de casa, em especial para mulheres, pretos e pardos”, lamentou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). “Sem se preocupar com o povo, governo Bolsonaro se omite sobre alta dos preços da comida e corta o auxílio emergencial para R$ 300, o que vai agravar a situação”, criticou a parlamentar. Outros petistas engrossaram o coro. “Quatro em cada 10 famílias brasileiras vivem em insegurança alimentar”, denuncia o senador Humberto Costa (PT-PE). “O nome disso é fome. Esse foi o resultado do golpe. Temos que lutar todos os dias pra dar dignidade aos brasileiros, enquanto Bolsonaro já deu as costas ao povo”.
A ex-ministra Tereza Campello, ao lado de Dilma, lembra que em 2014, relatório da ONU excluiu o Brasil do Mapa da Fome. “A verdade é que os governos deixaram de dar combate à fome, que deixou de ser prioridade de Temer e Bolsonaro”, denuncia a economista
A ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff, a economista Tereza Campello, diz que o resultado divulgado pelo IBGE é ação direta da agenda econômica adotada após o impeachment. “A verdade é que os governos deixaram de dar combate à fome, deixou de ser prioridade de Temer e Bolsonaro”, critica. “O relatório da FAO, de 2014, enumera os fatores decisivos para o Brasil ter saído do Mapa Mundial da Fome à época: o aumento da renda dos mais pobres, a criação de empregos, o Bolsa Família, o fortalecimento da agricultura familiar e a melhora da merenda escolar”, explica. “Isso tudo desapareceu”.
Combate à fome foi prioridade com Lula e Dilma
Tereza lembra que, entre 2002 a 2013, caiu em 82% a população de brasileiros considerados em situação de subalimentação. “O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e mesmo assim a população se encontra agora em insegurança alimentar, porque a população não tem acesso à comida. Para ter acesso aos alimentos é preciso ter renda. Aumentamos o número de empregos formais e aumento do salário mínimo. Isso teve um impacto gigantesco, aumentando o acesso ao alimento”, ressalta.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE mostra que a insegurança alimentar grave havia recuado de 8,2% da população em 2004 para 5,8% em 2009. Em 2013, a proporção havia cedido para 3,6%. Em 2014, no último ano do primeiro governo de Dilma, o Brasil deixou o Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Naquele ano, o país foi um dos grandes destaques do relatório. O indicador da fome volta agora a mostrar piora, um reflexo da omissão do governo federal.
O senador Humberto Costa (PT-PE): ”Esse foi o resultado do golpe. Temos que lutar todos os dias pra dar dignidade aos brasileiros, enquanto Bolsonaro já deu as costas ao povo”
Para identificar o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, caracterizada pelo consumo insuficiente de alimentos, inclusive entre as crianças, o IBGE consultou 57.920 domicílios entre junho de 2017 e julho de 2018, período abrangido pelo governo Michel Temer. Bolsonaro agravou a política econômica do antecessor, o que significou um cavalo de pau nas prioridades de Lula e Dilma e o aprofundamento da agenda neoliberal sob os auspícios do ministro Paulo Guedes.
A situação mostrou-se mais grave nas regiões Norte e Nordeste, um padrão que se repete em outros indicadores sociais. Na região Norte, em 10,2% dos domicílios pelo menos um morador tinha fome, seguido pelo Nordeste (7,1%). O percentual era menor no Sul (2,2%) e Sudeste (2,9%).
Também era mais grave nas áreas rurais, outro padrão conhecido da fome no Brasil. Dados da pesquisa mostram que 7,1% dos domicílios tinham situação grave de insegurança alimentar, acima do registrado nas áreas urbanas (4,1%). Regiões rurais costumam ter menores rendimentos.
Vale lembrar que há pouco mais de um ano, Bolsonaro disse que a fome no Brasil era uma “grande mentira”. “Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não”, afirmou o presidente na ocasião. “O projeto de Bolsonaro é a destruição”, criticou o senador Jean Paul Prates (PT-RN).
Fonte: Partido dos Trabalhadores