Agradecimento

Quarta-feira, 19 de agosto de 2015. Ponho a data e me admira estar aqui, escrevendo. Pode ser que seja éste o fato que tem me ajudado a chegar até aqui. Escrever tem ido costurando a minha história.

Tenho ido catando pedaços da minha trajetória, aparentemente ou realmente dispersos, e hoje posso ver que tem havido e continua a haver uma continuidade. Ainda as rupturas, as quebras, os extravios, tem tido e continuam a fazer sentido.

A redação não está lá aquelas coisas, mas é como está vindo. Até isso, poder escrever do jeito que vem, e não como alguém diz que você deveria escrever. Então, estava dizendo que me admira ainda estar por aqui.

Ainda vivo, e não apenas fisicamente — o que agradeço, de coração– mas também vivo por dentro. Continua a me admirar a vida que tive. Os começos, as primeiras lembranças.

A casinha pobre em que nascemos os três irmãos. Chão batido. Depois viriam outras batidas. A vida não é fácil para ninguém. E na altura da existência em que me encontro, o que prevalece é uma persistente sensação de admiração.

Admiração por ter estado em tantos lugares, tão diferentes entre si. Pessoas que encontrei, boas e más. Todo tipo de gente.

Milagres acontecidos, porque não posso qualificá-los de outra forma a não ser dizendo assim: milagres. Sobrevivência. Família. Solidariedade. Fé. Reconciliação. Construção. Recomeço. Tudo que é o viver.

E uma noite como ésta, exatamente esta noite, agradecer no silêncio do meu coração, cada instante dos muitos que tenho tido a graça de viver até aqui.

Gostaria que fossem muitos mais, mas não me cabe conjecturar sobre o tempo que poderá vir e espero que venha. Me basta agora, neste preciso momento, agradecer profundamente o fato de estar ainda vivo. Obrigado. Muito obrigado.

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