A revelação é da revista Globo Rural, em reportagem do jornalista Ivaci Matias, que escreveu diretamente de Cachoeira da Serra, o distrito de Altamira que concentra os ruralistas mais agressivos na ocupação das terras, combate aos sem terra e pequenos agricultores e maiores taxas de devaatação do Estado, um dos mais castigados pela ação predatória. O que acontece em Altamira desde 10 de agosto, segundo o jornalista, é “a maior queimrada da história do Pará”.
A reportagem confirma a percepção que levou Lula a apontar os ruralistas da base de Bolsonaro como responsáveis pelos incêncios. “É só pegar fotografias de satélites, saber quem é o proprietário de terra que está queimando e ir atrás do proprietário da terra para saber quem botou fogo. Se o dono da terra não reclamou, não foi à polícia dar queixa de que teve incêndio na terra dele, é porque foi ele quem botou fogo”, disse Lula à TV 247 na última quinta-feira (22).
Segundo a reportagem, a pedido do Ministério Público de Novo Progresso, o Delegado Daniel Mattos Pereira, da Polícia Civil, já ouviu algumas pessoas ligadas ao “Dia do Fogo”, até agora ninguém foi preso.
Pegos em flagrante, os ruralistas utilizam a mesma estratégia de Bolsonaro, que chegou a acusas as ONGs pelos incêndios. Segundo o jornalista Ivaci Matias, os fazendeiros da região acusam o ICMBio [a sigla se refere ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade], autarquia federal que é a polícia ambiental para a proteção da biodiversidade em todo o Brasil. O órgão é visto pelos ruralistas como seu inimigo e tem sido alvo de toda sorte de intervenções e desestruturação pelo ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles.
A acusação dos ruralistas é tão inverossímel como a de Bolsonaro, mas eles contam com a máquina de fake news do bolsonarismo para fazer prevalecer sua versão. Ambos, Bolsonaro e sua base rural, não devem ter sucesso desta vez.
A acusação de Lula agora está comprovada. Da cadeia, ele apontou para os culpados.
Fonte: Brasil 247
(25-08-2019)