Não têm nada de errado com as repetições. Elas nos forçam a prestar atenção para o que ainda não foi dito, aquilo que se apresenta como ainda por conhecer. Na medida em que vou partilhando o que aprendo neste mutirão de afetos, se reforça mais e mais a sua validade.
Afetos, autoestima e vínculos. Um chão seguro para pisar. Um espaço de pertencimento. Enquanto em outros tempos pensava que poderia mudar a estrutura social, a sociedade de classes, a opressão e a violência institucionalizada, agora percebo que esta mudança é possível, sim, desde o meu próprio interior, e ao redor.
A TCI cria um novo ator social, diz Adalberto Barreto, criador desta ação. Esse ator é o/a terapeuta comunitário/a, um/a despertador/a de lembranças. Cada pessoa que entra na roda da TCI torna-se um ator social de novo tipo. Alguém que se redescobre como poderoso/a, capaz. Saímos do anonimato e da indiferenciação.
A vida ganha um novo sentido. O sentido de ser e pertencer. Saber quem somos. Isto é uma força poderosa. Não necessitamos estar o tempo todo obedecendo comandos externos ou comandos internalizados que não são nossos. Podemos vir a acordar para a plenitude da vida. Tudo passa a ser importante.
Não há mais uma sensação de estranhamento ou apatia. Podemos descobrir o prazer de criar, qualquer que seja a nossa idade ou condição social. Criar é ler, escrever, dançar, cantar, jardinar, fazer esporte, desenhar ou pintar, etc. Fazer a vida acontecer.
O fatalismo e a resignação cedem lugar ao prazer de existir. Digo para mim mesmo que a TCI é uma sociologia aplicada. Uma sociologia feita a muitas mãos, por toda a parte. Todos/as ensinando e aprendendo. Fazendo um mundo mais bonito, mais digno e justo.
Escritor e sociólogo. Terapeuta Comunitário. Professor aposentado da UFPB. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/