O mandato da presidenta Dilma Rousseff está por um fio porque ela conduziu o País à pior crise econômica desde a hiperinflação do Sarney, está tentando sair do sufoco mediante um receituário ortodoxo que prometera não adotar e, depois de trair a palavra empenhada e as pregações contra o neoliberalismo que o PT martelava há décadas, nem sequer vem obtendo sucesso. Até porque escolheu para executar o arrocho fiscal um economista insignificante e incompetente, o Chicago (office) boy Joaquim Levy.
Tudo isso se refletiu numa queda vertiginosa da popularidade de Dilma, hoje na casa de 9%. Se estivéssemos no parlamentarismo, um voto de desconfiança já a teria derrubado. E se fosse maior do que é, renunciaria antes de arrastar os brasileiros ao fundo do poço e tornar a imagem da esquerda totalmente execrável para o cidadão comum.
Pelo contrário, vocifera que não largará o osso de jeito nenhum. Eu não vou cair! Não vou! Não vou!
O estilo diz tudo: Getúlio Vargas lançou um desafio altaneiro (“Só morto sairei do Catete”), Dilma mais parece criança manhosa.
E, sem ideia nenhuma de como sair do labirinto em que se meteu e voltar a ter o respaldo das ruas, seu pensamento fixo é evitar que o processo do impedimento seja instaurado contra si.
Já desistiu de desatar o nó, só não o quer em volta do seu pescoço. Sabe que, fragilizada e pessimamente avaliada como está, uma vez colocado nos trilhos o trem do impeachment, poucos parlamentares se disporão a frustrar o eleitorado, arriscando o próprio futuro político.
E, depois de comermos o pão que o diabo amassou para darmos um fim ao arbítrio, o aprendizado democrático que oferecemos às novas gerações é desalentador, bem do tipo cria cuervos. Nada de alvissareiro prenuncia.
A arena em que os gladiadores se digladiam é a da investigação das roubalheiras. As duas facções exercem terríveis pressões de bastidores, uma para envolver Eduardo Cunha e Renan Calheiros, a outra para comprometer Dilma e Lula. É a política degradada a uma guerra de tortas de lama.
Como consequência, o relacionamento entre Executivo e Legislativo está chegando ao ponto de ebulição. E o Judiciário se faz de morto o melhor que pode.
É a versão brasileira da marcha da insensatez. E até agora não se vislumbra sequer uma réstia de luz no fim do túnel.
O ideal seria não haver vencedores e derrotados, facilitando a reconstrução e não deixando engatilhadas novas disputas autofágicas. Mas, para isto precisaríamos de atores políticos de primeira grandeza. Não os temos, infelizmente.
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