A diferença gera indiferença

fabio nogueiraA Europa nunca foi e nunca será o berço no que se refere ao termo civilidade e convivência. Não basta irmos muito longe ou ser culto para sabermos onde foram travadas as maiores carnificinas contra a humanidade. Fora os períodos de descobertas de outros continentes mundo afora, durante as grandes navegações.
Ao contato com outras civilizações do chamado “novo mundo”, a indiferença gerou adversidade a outros povos considerando-os uma ameaça à cultura e civilidade europeia. A primeira solução encontrada foi a conversão da religião oficial dos Estados europeus, o catolicismo, ao novo continente. Com ela aparentemente os europeus e a Igreja católica achavam que estavam salvando do pecado os indiferentes a eles.
O diferente, quando não compreendido, desenvolve sérias desconfianças que geram preconceitos e mortes.
Mais de sete décadas do fim da Segunda Guerra Mundial, seria possível acreditar que muitos preconceitos errôneos cessariam no velho continente? Para quem acredita em milagres, sim.
Numa crise de refugiados sem precedentes, novamente a Europa prova que não se preparou para conviver com os diferentes.
Para entendermos esta crise de refugiados, precisamos voltar ao passado para sabermos que o governo das principais potências da região europeia prometia tirar do poder os ditadores da África e Ásia (região do oriente médio) e levar os ares da democracia, civilidade e modernidade. Esses países não conheciam o que era viver numa suposta “igualdade”. Outros líderes nacionalistas dessas regiões foram mortos ou linchados por puro interesse dos lideres europeus e norteamericanos.
Mudou algum aspecto? De certa forma, sim. Os recursos naturais de reservas minerais estão salvos ao poder hegemônico. Os que estão governando também são ventríloquos iguais ou piores aos anteriores, somente com a diferença de ser controlados pelos donos da geopolítica mundial. Fazem o que bem quiser com a população e recebem rios de dinheiro sujo de sangue, garantindo assim o acesso aos bens naturais.
Os refugiados são tratados tanto na Europa quanto nos Estados Unido, como pessoas sem classificação ou pior: sem humanidade.
A justificativa para tanto medo é o perigo da perda da identidade europeia. A preservação da tradição cristã dentro do continente “ameaçado” pelo terror do Islã.
A Europa não aprendeu com dois conflitos mundiais frutos da intolerância às diferenças.
Não há luz para essa solução. Enquanto não houver estabilidade política nos países de origem dos refugiados, eles chegarão via Mar Mediterrâneo e Turquia. A grande maioria não planejou fugir para a Europa ou os Estados Unidos, quase todos querem voltar para seus países de origem e recomeçar a vida.
Particularmente, não espero muitos gestos de humanidade e solidariedade de alguns europeus. Claro que há as exceções, e só.

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