A avançada tecnologia alemã chega à Zona Oeste do Rio de Janeiro

A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da empresa alemã ThyssenKrupp (por isso, TKCSA), é o primeiro bloco de megaempreendimentos industriais previstos para o entorno da Baía de Sepetiba, totalizando outros oito similares.

O projeto foi recusado no Chile, em outros estados brasileiros e no próprio país onde está a matriz da empresa, a Alemanha. Com o apoio da multinacional Vale e a conivência do Governo do Estado, do Governo Federal e da Prefeitura, chegou ao Rio de Janeiro.

A empresa atua em Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, a 50km do centro da cidade, sem ter recebido licença de operação definitiva. Já acumula diversas multas por danos ambientais e sociais.

A população pede socorro. O vídeo abaixo conta um pouco dessa história.

O documentário tomou como base documentação do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), com pesquisa e produção do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e apoio da Revenue Watch.

O secretário estadual de “meio ambiente”, Carlos Minc, continua negociando a vida das pessoas, porque, conforme ele mesmo apontou, “(…) queremos a empresa no estado. Não podemos exportar o minério para gerar emprego na China, mas a saúde da população e do ambiente deve ser considerada como prioridade”. É o jogo da política – nesse caso envolvendo, como fica claro no vídeo e já atestado pela própria Fundação Oswaldo Cruz, pela UFRJ e pelo Ministério Público Estadual, nada mais nada menos do que vidas humanas e o meio ambiente de toda a região.

A TKCSA foi inaugurada no dia 18 de julho de 2010. Na foto que marcou este momento, Roger Agnelli, diretor-presidente da Vale; o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva; o governador do Rio, Sergio Cabral Filho; Ekkehard Schulz, CEO da ThyssenKrupp; e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que hoje se diz contra o projeto na forma que se encontra.

Até o prefeito Eduardo Paes (visto na foto acima inaugurando o complexo, sorrindo, ao lado de Cabral, do então Presidente Lula e de outras autoridades, como o ministro de Minas e Energia), que é aliado do governo do Estado e do mesmo partido do governador, já disse que não vai autorizar a TKCSA na cidade. Apesar disso, a empresa já conseguiu isenção fiscal na esfera estadual e pelo menos 1,5 bilhão do BNDES – a saber, o “S” na sigla é referente a “desenvolvimento social”.

Além das violações ao meio ambiente, a TKCSA é acusada de perseguir pescadores que se opõem às obras. Em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) em 2009, o líder da Associação dos Pescadores dos Cantos dos Rios (APESCARI), Luis Carlos de Oliveira, disse ter recebido ameaças de morte de um miliciano contratado pela empresa como chefe da segurança. Após a acusação, o pescador teve de deixar o estado e ser incluído em um programa federal de proteção às testemunhas.

O então presidente da ALERJ, Jorge Picciani, foi um dos principais articuladores do governo do Estado na aprovação das leis que permitiram a entrada da TKCSA no Rio, como reconheceu o governador Sergio Cabral, na inauguração:

A proposta alternativa está clara: desenvolvimento ambiental, com o apoio às atividades vocacionais e tradicionais da região, como pesca e turismo. Mas, às vésperas da Rio+20, o governo do Estado quer minério e carvão.

Conheça os argumentos e se informe em www.observatoriodopresal.com.br

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(*) Gustavo Barreto, jornalista. Contato pelo @gustavobarreto_.

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