Em apoio à reeleição de Dilma: nota da Direção Nacional do Centro de Estudos Bíblicos

Em face do embate que se coloca neste segundo turno das eleições presidenciais e levando em conta a necessidade de nos engajarmos para garantir os avanços que a sociedade brasileira vive nos últimos anos, a Direção Nacional do Centro de Estudos Bíblicos – CEBI vem a público expressar sua opinião em favor da reeleição de DILMA ROUSSEF.
Mesmo sendo críticos aos limites do atual governo e do sistema político brasileiro, temos que reconhecer publicamente que nos últimos doze anos houve diminuição da fome e da miséria, valorização do salário mínimo, extensão dos direitos trabalhistas básicos às empregadas e aos empregados domésticos e melhoria nas condições de vida da população mais carente em todas as partes do Brasil, especialmente nas localidades mais pobres. O acesso de milhões de jovens empobrecidos ao ensino técnico e superior e a extraordinária ampliação do financiamento de moradias populares em todo o Brasil também devem ser mencionados, junto com o compromisso da presidenta atual com a realização da reforma política nos moldes pretendidos pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas.
A Direção do CEBI segue questionando o modelo desenvolvimentista adotado por esse governo. É nosso dever empenharmo-nos mais fortemente na luta por uma profunda reforma política e continuar buscando a diminuição das desigualdades sociais, exigindo que os direitos da natureza e dos povos indígenas e quilombolas sejam respeitados, e que a partilha da terra seja retomada por meio da Reforma Agrária. Temos consciência, entretanto, que a outra candidatura, alinhada ao neoliberalismo, é ainda muito mais atrelada ao sistema financeiro e ao grande capital e apoiada por elites preconceituosas e anticristãs e que jamais assumirão tais projetos. Além disso, por ser defensor de um modelo ainda mais economicista, o outro candidato teria em sua possível eleição o risco de perda de direitos sociais e políticos e trabalhistas.
Por último, há que se ressaltar que a política externa adotada pelos governos Lula e Dilma foi mais autônoma frente aos interesses norte-americanos e mais respeitosa em relação aos países irmãos latino-americanos, com quem devemos seguir cada vez mais dialogando em exercício de solidariedade.
Fonte: CEBI
http://www.cebi.org.br/noticias.php?noticiaId=5177

Diante do massacre imposto, comitiva Guarani-Kaiowá cobra dos órgãos governamentais garantia de direitos previstos na Constituição Federal em Brasília

guaraniPor Luana Luizy
Frente ao maior genocídio étnico e cultural do país, 40 lideranças Guarani-Kaiowá pediram agilidade das demarcações dos órgãos governamentais e denunciaram os frequentes ataques e violações impetrados pelo Estado brasileiro essa semana em Brasília.
Cheios de expectativas, com suas rezas e danças na tentativa de sensibilizar os ministros, os indígenas acamparam em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta quarta-feira (15), onde passaram a noite em vigília contra uma decisão do STF que poderá inviabilizar os processos demarcatórios das terras Guarani-Kaiowá. A decisão é referente à Terra Indígena Guyraroká, localizada próximo ao município de Dourados, no Mato Grosso do Sul.
Os Guarani-Kaiowá pediram a nulidade de uma decisão da 2° Turma da Corte que anula o reconhecimento do Estado à terra ancestral, pois não foram ouvidos durante o processo. O Supremo acatou a tese do marco temporal e considerou que os indígenas não teriam direito a terra, pois não estavam na área em 1988, data da promulgação da atual Constituição Federal. Entretanto, os Guarani e Kaiowá afirmam que a decisão foi baseada em uma interpretação equivocada, uma vez que foram vítimas de remoções forçadas.
“No próprio governo de Getulio Vargas nós fomos expulsos. Em 1930 já tinha pistoleiro, jagunço do fazendeiro para matar o indígena que estava lá. Prolongou-se a situação na ditadura militar. E querem que a gente esteja lá?”, questionou a liderança Daniel Vasques Guarani Kaiowá .
Segundo o Relatório Figueiredo, a expulsão dos indígenas de Guyraroká se iniciou em meados do século 20 e se estendeu até os dias atuais. No entanto, os Guarani e Kaiowá sempre tiveram uma relação espiritual com o território e, portanto, nunca deixaram de ter vínculo com o tekoha, a terra sagrada para os Kaiowá.
Os indígenas já sentem o efeito da decisão do Supremo, pois muitos mandatos de reintegração de posse já foram concedidos perante a determinação, como a ordem de despejo marcada para o dia 26 de outubro do território tradicional de Kurussu Ambá, localizado em Coronel Sapucaia, comunidade à beira de um genocídio anunciado.
Na busca pelo diálogo, os indígenas distribuíram cartas aos ministros e um memorial sobre o contexto histórico, além de alertá-los sobre o peso que as atuais decisões poderão interferir no reconhecimento de suas terras.
Durante a semana, a comitiva também foi recebida pela Frente Parlamentar Indígena da Câmara dos Deputados, como forma de agradecer aos deputados que atuaram na causa indígena e buscar apoio, tendo em vista o aumento da bancada ruralista no Congresso nas eleições deste ano. “ A bancada ruralista aumentou em 30% para 2015, vocês vão ser ainda mais ameaçados e precisam além de deputados parceiros irem para as ruas, pois os fazendeiros e elites querem retirar não só a terra, mas a vida de vocês. Diversos dispositivos governamentais como como a PEC 215, novo código de mineração possuem grandes chances de serem aprovados no próximo ano, frente a nova composição da casa, vocês precisam ir para as ruas, pois o cenário que se configura não é nada favorável”, disse o deputado federal Padre Ton (PT), que não conseguiu a reeleição.
Histórico de violações
No Mato Grosso do Sul, encontra-se a segunda maior população indígena do país, mas com os piores índices de demarcações e com os maiores índices de violações de direitos humanos, conforme os inúmeros relatórios publicados por diversas organizações da sociedade civil e relatórios publicados por órgãos do Estado brasileiro.
Na década de 1920, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) criou oito reservas, onde os indígenas ficaram confinados, em resposta a estas ações, os indígenas estão mobilizados na defesa de seus direitos e voltam mais uma vez ao tekoha no processo de retomadas. Atualmente os Guarani-Kaiowá vivem no estado em mais de 40 acampamentos indígenas, que são comunidades na beira de rodovia esperando a demarcação de suas terras.
A vida nos acampamentos é uma dura e triste realidade, onde estão expostos a altos índices de mortalidade infantil e mortes por atropelamentos constantes, uma vez que muito desses acampamentos estão localizados na beira de rodovias.
Outro dado que corrobora esse quadro de violência é o índice alarmante de suicídio nos Guarani-Kaiowá, devido situação de extrema violência desses povos. Só no ano de 2013, segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) foram registradas 73 casos de suicídio no Mato Grosso do Sul, o maior número nos últimos 28 anos.
A decisão sobre a terra Guyraroká fragiliza garantias constitucionais dos Guarani-Kaiowá, o direito originário não pode ser desconsiderado sob pena de inviabilizar demarcações e decretar extermínio aos povos, cabe agora ao judiciário resolver o conflito e garantir os direitos constitucionais indígenas previstos na CF. (16-10-2014)
Fonte: CIMI
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=7776

Sínodo sobre la familia


Es de suponer que todos estamos informados. El domingo 5 del mes en curso comenzó en Roma el Sínodo convocado por el papa Francisco a fin de debatir sobre la problemática actual de la familia, Sínodo que ha finalizado -en esta primera fase- el pasado domingo. Entre la variedad de tópicos que se trataron, se encuentran: la múltiple configuración de las familias o uniones parentales en la actualidad, el sentido de la sexualidad como expresión del amor y transmisora de la vida y la posibilidad o no de permitir la comunión eucarística a los divorciados y vueltos a unir en una segunda pareja.
El significado de la palabra sínodo evoca el “caminar juntos”; es una reunión de la comunidad católica para analizar, debatir, proponer y asumir desafíos (en nuestro caso, sobre el hoy de las familias). Han concurrido alrededor de doscientos obispos delegados de distintas naciones y responsabilidades, más de una docena de matrimonios y algunos expertos en la materia.
Este Sínodo fue convocado por Francisco a comienzos de este año y fue precedido por una consulta a todos los católicos, consulta que se realizó entre fines del año pasado y principio de éste y que constaba de 39 preguntas que todas las diócesis debían responder a fin de preparar el instrumento de trabajo.
Como era de esperar, entre los asistentes al sínodo existe un caleidoscopio de opiniones y posiciones: desde las más conservadoras hasta las más innovadoras. Lo que es bueno, porque así se hace visible la pluriformidad de la comunidad católica y porque puede ayudar a “afinar la puntería” hacia posiciones más compartidas, teniendo siempre presente -como lo ha expresado el Papa- el “bien de las personas”.
Algunas reflexiones
1. “El Evangelio no es un museo, no es un código penal, no es un código de doctrinas y mandamientos. Es una realidad viviente en la Iglesia y nosotros tenemos que caminar con todo el pueblo de Dios y ver cuáles son sus necesidades. Algunos cardenales temen que haya un efecto dominó y que, si se cambia un punto, todo colapse”. (Card. Kasper)
2. En el tema del matrimonio -como en todos los temas cristianos- se debe hacer un discernimiento a la luz del Evangelio. No se puede, simplemente, tomar una frase del Evangelio de Jesús y de ahí deducirlo todo. Hace falta entender “todo el mensaje del Evangelio” y luego diferenciar qué es doctrina y qué disciplina. La doctrina no se puede cambiar. La disciplina, sí.
3. Viene al caso recordar, aquí, la actitud de Jesús frente a la mujer que había cometido adulterio. La ley del Antiguo Testamento (Sacrosanta Ley de Moisés) ordenaba que las mujeres infieles fueran apedreadas hasta provocarles la muerte. Jesús enfrenta a dicha ley y a quienes la sustentaban y salva a la mujer, pidiéndole que no vuelva a cometer infidelidad.
4. Cuando se debate sobre matrimonio y familia es necesario escuchar a la gente que vive esta realidad. Realidad que es, al mismo tiempo, personal y social.
No se puede decidir sólo desde arriba, desde la jerarquía de la Iglesia y, especialmente, no se pueden citar viejos textos del último siglo; hay que observar la situación de hoy, hacer un “discernimiento en el espíritu” y llegar a resultados concretos. Ésta es la aproximación que hace Francisco, mientras que otros parten de la doctrina y utilizan, después, un método deductivo que siempre es genérico y que no contempla la vida concreta de cada pareja o situación.
5. Es demasiado frecuente que, cuando la jerarquía eclesiástica y la teología católica se refieren a asuntos cuya temática determinante es el derecho de propiedad, el dinero, el capital, el lucro y la acumulación de bienes, las enseñanzas teológicas y magisteriales suelen quedarse en el ámbito de lo especulativo, lo genérico y lo meramente exhortativo. Mientras que cuando la jerarquía y la teología plantean y pretenden resolver los problemas y las situaciones que afectan a la relación amorosa entre las personas, la respuesta magisterial y teológica no se limita a la especulación doctrinal, ni siquiera a la exhortación, sino que aterriza pronto en la decisión, que se traduce en norma, en ley, que prohíbe o impone, incluso con severos castigos a quienes no se atengan a ellas. Algunos, irónicamente, expresan esto diciendo que “ la Iglesia se mete en la cama de las personas, pero no se mete en la casa de las personas”.
6. En los problemas relativos a la familia, la Iglesia debería tener siempre presente que, por lo menos hasta el siglo IV, los cristianos siguieron los mismos condicionamientos y usos -por lo que concierne al casamiento- que el entorno social en que vivían. Lo cual quiere decir que los cristianos de los primeros siglos no tenían conciencia de que la revelación cristiana hubiera aportado algo nuevo y específico al hecho cultural del matrimonio en sí. Es seguro que “el casamiento ante el sacerdote como exigencia obligatoria”, apareció por primera vez hacia el año 845, y se justificaba por razones de derecho civil, no por argumentos teológicos. Es a finales del siglo XII, en 1184, cuando se habla formalmente y por primera vez del “matrimonio como sacramento”, en el Concilio de Verona.
7. Por tanto, si la Iglesia no vio dificultad alguna en adaptarse a las leyes civiles y laicas de los pueblos y culturas en los que fue creciendo y a los que se ajustó sin poner oposición o resistencia, ¿por qué ahora, cuando el cristianismo es una institución de ámbito, no ya europeo, sino global, vamos a rechazar que la Iglesia acepte e integre en su vida los usos y costumbres, las tradiciones y normas de conducta, que en cada momento y en cada país se vean más convenientes?
8. Las indicaciones y soluciones que se puedan aportar a los problemas planteados al Sínodo, concretamente: la problemática del divorcio, la aceptación por parte de la Iglesia de las uniones entre personas del mismo sexo o el uso de anticonceptivos, son cuestiones de suma importancia para cientos de miles de personas y que se pueden resolver sin atentar ni poner en cuestión para nada la teología cristiana del matrimonio. La Iglesia puede hoy resolver estos problemas “modificando la legislación canónica actual”, sin traicionar para nada su fe y su tradición.
9. Sobre la cuestión de los divorciados vueltos a casar, es un reto que hay que afrontar con creatividad y mirada abierta. “No hay divorcios, hay personas divorciadas”, y a cada una habrá que darle una solución. No todos los matrimonios fracasados son nulos pero muchos sí lo son. Por ello, sería conveniente utilizar y agilizar más los procesos de nulidad. Según estadísticas emanadas del Vaticano, más de 40% de los matrimonios contraídos en la Iglesia son nulos por falta de condiciones esenciales y constitutivas del mismo.
10. Frente a los divorciados y vueltos a formar pareja, muchos nos preguntamos si la Comunión Eucarística es un “premio” para los perfectos o es una “ayuda” para el que la necesita. No debemos olvidar que la Comunión tiene un “efecto sanador”. Y, especialmente la gente que vive en situaciones difíciles, necesita la ayuda de la gracia y necesita los sacramentos.
Francisco a los participantes del Sínodo
– “Con la parábola (de la Viña de Dios) Jesús se dirige a los jefes de los sacerdotes y a los ancianos del pueblo, es decir, a los “sabios”, a la clase dirigente. A ellos ha encomendado Dios de manera especial su “sueño”, es decir, su pueblo, para que lo cultiven, cuiden de él, lo protejan de los animales salvajes. El cometido de los jefes del pueblo es éste: cultivar la viña con libertad, creatividad y laboriosidad”.
– “También nosotros estamos llamados, en el Sínodo de los Obispos, a trabajar por la viña del Señor. Las Asambleas sinodales no sirven para discutir ideas brillantes y originales, o para ver quién es más inteligente… Sirven para cultivar y guardar mejor la viña del Señor, para cooperar en su sueño, su proyecto de amor por su pueblo. En este caso, el Señor nos pide que cuidemos de la familia, que desde los orígenes es parte integral de su designio de amor por la humanidad”.
– “Hermanos, para cultivar y guardar bien la viña, es preciso que nuestro corazón y nuestra mente estén custodiados en Jesucristo por la “paz de Dios, que supera todo juicio”, como dice san Pablo (Filip. 4,7). De este modo, nuestros pensamientos y nuestros proyectos serán conformes al sueño de Dios: formar un pueblo santo que le pertenezca y que produzca los frutos del Reino de Dios (Mat. 21,43).
El autor es sacerdote católico.

Se eleito for


Por Egon Eck
Enquanto as urnas vão acariciando silenciosamente voto por voto, ponho-me a dialogar com meus botões já envelhecidos e cansados da mesmice política a cada eleição. A primeira constatação é óbvia: tudo farinha do mesmo saco. Ou melhor, os que têm alguma chance de chegar ou permanecer no Palácio do Planalto rigorosamente propõem ou seguem a cartilha neoliberal, colonialista, ditatorial e elitista. Diante de tal cenário, a reação primeira seria de rejeição em bloco e não votar na falta de democracia.
Mas tem quase um milhão de brasileiros originários cuja situação é infinitamente pior. Além de sentir-se no direito do exercício da indignação terão que amargar mais quatro anos de vilipêndio sobre seus direitos constitucionais. O agronegócio cresce e se expande mais que erva daninha. São os povos indígenas que primeiro e mais intensamente terão que arcar com as consequências nefastas, destruidoras e criminosas, pois o agronegócio nada poupa. Rasga o ventre da mãe terra e o enche de venenos, impunemente. Os filhos originários da terra são agraciados com uma silenciosa guerra. Tudo acontece com a benção do sistema que covardemente insiste de chamar isso de progresso.
E se eleito for algum indígena, seja para Assembleia Legislativa Estadual ou seja para o Congresso Nacional, cenário pouco provável, mesmo assim terá sido o passo mais fácil, diante do hercúleo esforço que terão que fazer, em meio a um ambiente de cobras criadas, de cartas marcadas e de interesses consolidados.
Tenhamos a coragem e honestidade de pensar por uns instantes, no gigantesco desafio que terá pela frente esse eventual eleito. Por mais que o movimento indígena tenha avançado e amadurecido, dificilmente não sucumbirá diante das presas sanguinolentas do monstro.
Apesar dos apesares “se eleito for” ninguém poderá fugir do páreo: que os céus conclamem todos os heróis e combatentes para cerrar fileira na defesa da vida e direitos dos povos indígenas.
O que será das nossas crianças? Qual será o nosso futuro a partir de amanhã?
Fonte: CIMI
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=7785&action=read

Que venha Dilma, que venha Aécio e também venham os governadores eleitos

Por Ivandro da Costa Sales
Dilma jura que fez tudo certo, nada a lamentar, e que o Brasil vai melhorar ainda mais. Aécio diz que o governo do PT é um desastre e que ele veio para nos salvar do dilúvio. Ela e ele nem se referem aos grupos econômicos, políticos culturais e religiosos, sejam eles brasileiros, internacionais ou transnacionais. Ela e ele resolverão tudo, sem essa de bancos, empresas nacionais e transnacionais, FMI, Organização Mundial do Comércio, ONU, Governo Americano, TV Globo, Bancada Ruralista, Bancada Evangélica, Centrais Sindicais, MST e ONG’s querer se intrometer na administração do país. Ela e ele são demais. Salvarão a pátria e ninguém tem a ver com isso. E é fácil, basta “votar certo”. Os candidatos a governador nos estados pensam e se comportam como Aécio e Dilma.
Seguramente nem Dilma, nem Aécio, nem os governadores eleitos cumprirão tanta promessa miraculosa, podemos apostar. É pena que ainda não se esteja atento ao processo que se repetirá incessantemente na nossa Democracia Representativa: o eleitor descontente, fará, na próxima eleição, sua terrível vingança, votando numa chapa adversária. Esperará mais quatro ou cinco anos para se vingar, se continuar descontente.
Depois desse duelo feio, triste, mal representado e deseducativo que se vê nos guias eleitorais e debates televisivos, em que Dilma e Aécio dão visíveis sinais de cansaço, ele ou ela terá um pouco mais de voto e em breve tomará posse como Presidente da República do Brasil.
O que esse duelo, dirigido por marqueteiros muito bem pagos, está escondendo e o que deveriam fazer todos os que pretendem implantar no Brasil um modo mais participativo e solidário de produzir bens e serviços e de administrar os interesses e direitos da sociedade?
O feio período eleitoral está escondendo algo fundamental: o jogo de interesses da sociedade. Não deixa perceber que tudo na sociedade é influenciado e decidido por interesses econômicos, políticos, culturais, ideológicos, afetivos, religiosos. Alguns desses interesses, os dos grupos dominantes, já estão afirmados e lutam por todos os meios (que não são poucos) para se perpetuar. Outros, os dos grupos explorados e dominados, tentam pelos meios de que dispõem (e não são muitos) se fazer valer. E com quanta candura, nem Dilma nem Aécio falam na existência, importância e força de tantos e tão variados grupos de interesse.
Os empresários, seus representantes e assessores sabem que os candidatos estão mentindo, quando nem se referem à influência decisiva que os grupos econômicos, políticos, culturais e religiosos dominantes exercem no poder executivo, legislativo e judiciário. Os empresários gostam dessa mentira conveniente, já que lhes permite atuar dia e noite, sem parar, na surdina, sem serem notados e molestados.
Boa parte dos grupos subalternizados que foi educada na ilusão de que o governo é o responsável pelo Bem Comum, pensa que basta votar num candidato “honesto” e “bem intencionado” e que só se precisa conhecer melhor o passado e as realizações dos “onipotentes” candidatos. Santa ilusão. Os empresários sabem muito bem de sua importância e a fazem valer, governando o governo. Os trabalhadores e os grupos subalternizados nem sempre reconhecem sua importância econômica, política e cultural e por isso mesmo, entregam seus destinos a alguém que os “proteja”. O resultado é este: os empresários mandam no governo e o governo manda no povo.
Vale lembrar que joga melhor, e tem chances de vitória, quem conhece e até disfarça sua importância e força. Joga para perder quem desconhece sua importância e entrega seus destinos a representantes de seus adversários.
O duelo travado por Dilma e Aécio esconde também que partido político não é algo descolado da sociedade. Os partidos são e não podem deixar de ser representantes políticos dos grupos de interesses da sociedade, sejam eles interesses privados ou mais coletivos.
É triste sentir que a vontade que todos têm de ter o que dizer sobre sua própria vida e a vida da sociedade fica reduzida, inclusive nas chamadas da Justiça Eleitoral, ao voto obrigatório e muitas vezes vendido por dinheiro, empregos ou cargos. E para que se creia no poder milagroso do voto, alguns bilhões de reais são gastos com as urnas eletrônicas, despesas da justiça e tribunais eleitorais, montagem de comitês partidários, confecção e distribuição de panfletos e cartazes, utilização de carros de som, produção de horários eleitorais obrigatórios e de longos debates televisivos etc., etc., etc.. Fora o caixa dois da compra de votos. Seria até oportuno que alguém, um dia, demonstrasse de onde vem tanto dinheiro e como os candidatos recuperam tudo o que gastaram durante a campanha eleitoral. Alguém saberia dizer o que os grupos empresariais esperam ganhar com a grande “ajuda” que deram aos candidatos?
Todo o processo eleitoral dificulta a percepção de que a gestão dos interesses da sociedade que, até bem pouco, era monopolizada pelo governo, agora é realizada pelo governo e por tantos e tão diferentes grupos econômicos, políticos, culturais, religiosos, etc.. A função estatal não é mais monopólio do governo. E como Dilma e Aécio mentem ao dizer “eu vou fazer, eu vou mandar”. Ele e ela sabem muito bem que Presidente de República não tem tanto poder, já que sua função é a de ser gerente especial dos grupos de interesses, sobretudo dos grupos mais fortes da sociedade.
Para quem não está de acordo com essa identificação ultrapassada de Governo com Estado, em vez de dizer “O Estado é responsável, o Estado vai fazer” seria mais apropriado começar a pensar na função estatal do governo e na função estatal dos diversos grupos da sociedade civil. Estado não é uma coisa, um substantivo. É uma função, a de gerir interesses, direitos e privilégios da sociedade, função que atualmente é bem compartilhada pelas organizações governamentais e pelas organizações da sociedade civil, sobretudo pelas organizações da sociedade civil empresarial. Pensar Estado como um substantivo, um ente fora da sociedade e do contexto de interesses dificulta perceber a resistência no interior do aparelho governamental do Estado e também a íntima, profunda e permanente relação do governo com todos os grupos de interesse da sociedade.
Pois bem, no dia 26 de outubro deste ano da graça de 2014, saberemos quem conseguiu a maioria dos votos e foi eleito para o cargo de Presidente da República do Brasil.
Para quem considera que Democracia é esse processo que vivemos, tudo acabou, só resta esperar para ver. Para quem, ao cotrario, acredita que é possível vivenciar um modo mais cooperativo e participativo de produção de bens e serviços e de gestão da sociedade, talvez valha tomar em consideração algumas reflexões, a seguir.
As coligações da base de apoio de Dilma e Aécio estão bem longe de pensar e desejar um modo não capitalista de produção de bens e serviços e de gestão da sociedade. Aceitam que o capitalismo no Brasil só precisa de alguns retoques “humanitários”. São candidaturas e propostas diferentes, oriundas, entretanto, de um só partido, o partido da ordem vigente. Como se pode notar, admitimos aqui que só existem dois partidos, o da ordem e o da mudança do sistema capitalista. Na atual campanha política se debatem duas variações do partido da ordem capitalista.
Os empresários, eles sim, sabem bem que qualquer das coligações atuais está a serviço da ordem capitalista, com pequenas diferenças. Alguns grupos empresariais capitalistas preferem um governo como o de atual PT e de sua base aliada, que se antecipa às crises na defesa da “economia”, formulando políticas econômicas, fiscais, cambiais, monetárias etc.. Outros grupos empresariais também capitalistas, os da base de Aécio Neves, preferem confiar mais na concorrência, mantendo, entretanto, a certeza de que o governo estará sempre bem próximo para socorrê-los. O certo é que nenhum grupo empresarial capitalista dispensará o apóio do governo, seu maior aliado. O liberalismo do “laissez – faire”, ou seja, de nenhuma intervenção do governo na ordem econômica, nunca aconteceu na história do capitalismo.
Quem desejar viver um modo de produção e de gestão mais cooperativo, coletivo e participativo, deve saltar fora da lógica do capitalismo, sistema que tem como único objetivo o lucro e acumulação do capital e como estratégia a exploração grosseira ou refinada da força de trabalho de todos os trabalhadores. Para conseguir seus objetivos, o capital transforma os produtos do trabalho humano, a natureza, a honra, Deus, enfim transforma tudo em mercadoria, que, ao ser vendida no mercado, permite a recuperação do valor que é pago ao trabalhador. E todo o valor excedente será apropriado privativamente por quem desconsiderou a dignidade do trabalhador, reduzindo-o à simples força de trabalho, mercadoria que está sobrando no mercado.
Saltar fora da lógica do capitalismo não significa abandonar a luta. Significa reforçar as práticas em que já se tenta vivenciar a cooperação, solidariedade e participação. Significa também saber como atuar dentro de todas as organizações econômicas, políticas e culturais, sejam elas governamentais ou civis. Por mais penoso que possa parecer, não dá para abandonar as organizações econômicas, políticas e culturais do sistema, espaços tão importantes da aliança, parceria, enfrentamento de interesses semelhantes, diversos e antagônicos e nos quais estão investidos enormes recursos humanos, materiais e financeiros da sociedade.
Nas organizações governamentais, campo adverso, local privilegiado da gestão dos interesses dominantes vigentes, vale organizar a resistência, a negociação e, se for o caso, colaborar com o que possa contribuir para educação e organização política dos trabalhadores e de todos que vivem ou viverão do trabalho. Não se pode, entretanto, perder a perspectiva de saltar fora da lógica do capital e da construção de um outro modo de produção e de gestão da sociedade. Insiste-se aqui em falar de um outro modo de produção e distribuição de bens e serviços por se acreditar que qualquer proposta por mais bem intencionada e edificante que seja, mas que não inclua profundas modificações na economia, não passará de uma proposta reformista.
As organizações da sociedade civil exigem estratégias bem diferentes: resistência, negociação e algum apoio nas organizações civis empresariais e apoio, parceria e também críticas, nas organizações civis do campo popular.
As formas serão sempre definidas pelas possibilidades e limites de cada situação. Talvez valha lembrar Gramsci, autor que buscava encontrar as formas mais adequadas de luta para superar o capitalismo, tomando sempre em consideração seu enorme desenvolvimento e suas contradições. Para ele a guerra de movimento em que um exército avança e toma o poder central, deixará intactas todas as instituições que sustentam a velha ordem. A tática por ele recomendada seria a guerra de posições em que se vai ocupando espaços e fragilizando os adversários.
Ainda sobre as formas de luta, é bem oportuno saber o que em 1895 escreveu Engels na introdução da obra As Lutas de classe na França de 1848 a 1850, escrita por Marx em 1850. Engels se referia aos momentos de grande desproporção de forças a favor dos grupos dominantes e também se referia aos grupos que só acreditavam na luta das ruas e que não aceitavam participar em eleições e nem na luta parlamentar. Eis sua fala:
“A ironia da história mundial põe tudo de pernas para o ar. Nós, os “revolucionários”, os “subversivos”, florescemos muito melhor pelos meios legais do que pelos ilegais e a subversão. Os partidos da ordem, como se denominam eles, perecem em virtude da legalidade que eles próprios criaram. Com Odilon Barrot gritam desesperados: “a legalidade nos mata”, enquanto nós, nesta legalidade, ganhamos músculos rijos, faces coradas e respiramos a eterna juventude. E se não formos tão insensatos que nos deixemos arrastar ao combate nas ruas para ser-lhes agradáveis, não lhes restará, afinal, outra coisa a fazer que romperem eles mesmos esta legalidade que lhes é tão fatal.”
O grande sonho é que, um dia, os trabalhadores assumam a gestão das empresas e que as organizações da sociedade civil, em pé de igualdade com as organizações governamentais, assumam a função estatal de co-gestoras de políticas públicas. No estágio atual da dominação dos trabalhadores, das limitações políticas e cooptação das comissões de fábrica, dos sindicatos e dos partidos políticos dos trabalhadores, da compra e venda de votos, da entrega de destinos a falsos salvadores da pátria, estaríamos bem e até nos contentaríamos se no caminho de uma nova sociedade, chegássemos a controlar e fiscalizar a produção e gestão da sociedade a até apoiar o que aponta para a realização de nossos objetivos.
Que venha Dilma, que venha Aécio e que venham também os governadores. Tomara que nos encontrem atentos, prontos para resistir e negociar, e até dispostos a apoiar o que possa nos reforçar.
Sítio Mãe Liquinha. Taperoá, PB, 21 de outubro de 2014
O autor é professor universitário aposentado, eventualmente presta assessoria em Gestão Democrática, Análise de Conjuntura e Metodologia de Educação Popular a organizações governamentais e civis.

Movimentos sociais declaram apoio a Dilma em São Paulo


Durante plenária realizada na última sexta-feira (17), na sede do Sindicato dos Bancários, mais de vinte movimentos sociais de diversos segmentos da luta popular do estado de São Paulo declararam apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff e convocaram todos os setores “democráticos, progressistas, populares e de esquerda do nosso estado e país a se engajarem nesta luta pela pátria, contra o retrocesso”.
Segundo o manifesto assinado pelos movimentos, o candidato tucano Aécio Neves “é hoje o representante das elites, de interesses conservadores, machistas, homofóbicos e racistas, que querem perpetuar as situações de exclusão e injustiça social, da discriminação e do ódio contra os pobres. Portanto, esta candidatura representa a possibilidade de um retrocesso histórico para as lutas e conquistas sociais em nosso país”.
Confira:

MANIFESTO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS EM SÃO PAULO
São Paulo, 17 de outubro de 2014
Nesta semana em que comemoramos o dia da criança, o dia do professor e o dia de luta pela soberania alimentar, nós, representantes dos Movimentos Sociais em São Paulo, manifestamos nossa posição com relação ao processo eleitoral que decidirá sobre quem deve ocupar o mandato na Presidência da República para os próximos quatro anos.
Temos a clareza que só a organização e a luta permanente de nosso povo contra as estruturas injustas desta sociedade poderão transformar, pela raiz, a situação de opressão, historicamente estabelecida, e construir um país justo, fraterno e igualitário.
Sabemos das limitações do atual governo em realizar mudanças estruturais, que superem as enormes desigualdades sociais em nosso país.
Estas desigualdades são fruto de um processo histórico, onde a maioria do povo brasileiro, em especial os mais pobres, os negros, as mulheres que vivem do seu trabalho, tiveram seus direitos negados pelas elites e pela maioria dos governantes.
Reconhecemos que os governos do Presidente Lula e da Presidenta Dilma avançaram em muitos pontos na direção da diminuição das desigualdades sociais, no combate à fome e à miséria, no aumento do salário, na melhoria na habitação e saúde, e nos investimentos na área da educação. Construíram uma forte solidariedade internacional que fortalece governos progressistas no mundo, estabelecendo relações de respeito sem submissão.
Temos a mais plena consciência que o candidato Aécio Neves é hoje o representante das elites, de interesses dos setores conservadores, machistas, homofóbicos e racistas, que querem perpetuar as situações de exclusão e injustiça social, da discriminação e do ódio contra os pobres. Portanto, esta candidatura representa a possibilidade de um retrocesso histórico para as lutas e conquistas sociais em nosso país.
Frente a este momento decisivo, não temos nenhuma dúvida em afirmar nosso apoio à candidatura da Presidenta Dilma e convocar todos os setores democráticos, progressistas, populares e de esquerda do nosso estado e país a se engajarem nesta luta pela pátria, contra o retrocesso.
Nossa pátria será cada vez mais livre com a valorização do trabalho de nosso povo trabalhador, com a soberania sobre nossos recursos naturais e com nossa firme determinação em não mais aceitarmos os mandos e desmandos das elites brasileiras, massificada entre o povo por meio de seus instrumentos ideológicos.
Assumimos aqui, novamente, o compromisso enquanto lutadores e lutadoras de nosso povo, de nos manter firmes e organizados, construindo pontos de unidade popular em luta pelo avanço e garantia dos direitos de todos/as.
Contra a ofensiva conservadora, venceremos o preconceito, o ódio e o retrocesso. Dilma será nossa Presidenta da República.

CAMI – Centro de Apoio ao Migrante
CEBS – Comunidades Eclesiais de Base
Centro Gaspar Garcia de Direitos humanos
CMP – Central de Movimentos Populares
Coletivo Nacional de Juventude Negra-Enegrecer
CONAM – Confederação Nacional das Associações de Moradores
FENET – Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico
FLM – Frente de Luta por Moradia
Levante Popular da Juventude
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
MMM – Marcha Mundial das Mulheres
MMPT – Movimento de Moradia para Todos
MMRC – Movimento de Moradia da Região Centro
Movimento das Pessoas com Deficiência
MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
MTD – Movimentos dos Trabalhadores Desempregados
UBM – União Brasileira de Mulheres
UJR – União da Juventude Rebelião
UMM – União dos Movimentos de Moradia
UNE – União Nacional dos Estudantes
UNEGRO – União de Negros Pela Igualdade

Poesía y literatura en la recuperación de la persona humana


De la separación a la unidad
De lo opuesto a lo integrado
De lo efímero a lo eterno
De lo externo a lo interno
De lo fugaz a lo permanente
De lo ajeno a lo propio
De lo genérico a lo personal
De lo privado a lo comunitario
Estas son algunas de las cosas que la literatura y la poesia han venido haciendo por mí, y siguen haciendo. Me han llevado, y me siguen llevando, de lo primero a lo segundo. Y es un fluir incesante. Poesía y literatura en la recuperación de la persona humana. Obviamente, nada de esto habría sido posible, o estaria siendo posible, en soledad. Como todo lo que es humano, este venir a mí, este seguir volviendo a ser el ser que soy, es uma suma de esfuerzos de personas muy queridas de mi família, y de amigos y amigas que me han venido dando reflejos de lo que esto de escribir y leer, son, vienen siendo, seguirán siendo.

Consolidar a revolução democrática e pacífica votando Dilma

A presente campanha presidencial em segundo turno coloca em jogo algo fundamental na história brasileira: a nossa primeira revolução popular, democrática e pacífica conquistada no voto, com a chegada de Lula à Presidência. Não ocorreu apenas a alternância do poder mas uma alternância de classe social. Um representante dos “lascados” e sempre colocados à mergem chegou ao mais alto cargo da nação como fruto do PT, de aliados e de grande articulação de movimentos sociais e sindicais e continuado por Dilma Rousseff.
Como afirmava o notável historiador José Honório Rodrigues em seu Conciliação e Reforma no Brasil (1965):”os interesses do povo foram descuidados pela liderança; daí as lutas, as rebeldias, a história cruenta, o compromisso e a conciliação; revolução no sentido de transformação da estrutura econômica, do regime de terras, da mudança de relações sociais, nunca tivemos; o grande sucesso da história do Brasil é o seu povo e a grande decepção é a sua liderança”. Continua José Honório:”as vitórias do povo são objetivas e incontestáveis;…o Brasil deve ao povo a unidade política, a integração territorial, a mestiçagem, a tolerância racial, a homogeneidade religiosa, a integração psico-social, a sensibilidade nacional muito viva que exige um abrasileiramento das próprias contribuições estrangeiras” (p.121-122).
Com Lula e Dilma se inaugurou esta revolução que é ainda inacabada mas que deve ser consolidada e aprofundada. Oxalá nessa eleição ela não seja malbaratada pela vitória de quem representa a velha política oligárquica mais interessada no crescimento econômico, no mercado e articulada com a macroeconomia globalizada do que no destino daqueles milhões que foram tirados da pobreza pelas políticas republicanas e foram feitos sujeitos sociais participativos na sociedade.
Daí ser importante que Dilma vença para garantir, consolidar e enriquecer com um novo ciclo de transformações essa revolução inaugural.
Nos primórdios da colonização o cronista oficial Pero Vaz de Caminha escreveu que aqui “em se plantando tudo dá”. Os cinco séculos de história ainda à luz do paradigma europeu mostraram o acerto de tal afirmação. Aqui tudo pode dar e deu para ser a mesa posta para as fomes do mundo inteiro. Por que não irá dar certo um projeto-Brasil novo, democrático, social, popular, ecológico, ecumênico e espiritual?
O povo brasileiro se habituou a “enfrentar a vida” e conseguir tudo “na luta”, quer dizer, com dificuldade e muito trabalho. Por que não irá “enfrentar” também esse grande e derradeiro desafio colocado em seu caminho? Como não conquistá-lo “na garra”, com a consciência solidária, com a organização, com a vontade de empoderar-se para garantir o poder de estado, já por 12 anos, a fim de dar-lhe o verdadeiro sentido de fazer as mudanças necessárias, primeiramente para os mais esquecidos e a partir deles, a todos, conferindo-lhes sustentabilidade e garntindo-lhes um futuro bom para o país.
Esse caminho já foi traçado, embora falte muito ainda para ser completado. Por duas vezes o novo chegou lá, no poder central. Escasseiam cada vez mais os instrumentos com os quais as elites dominantes querem retornar ao poder com aqule projeto neoliberal que quebrou os países centrais e que lançou cem milhões no desemprego na Europa e nos USA.
Sentimo-nos representados nos versos do cantador: “Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra/ a marca de sangue de seus mortos/ e a certeza de luta de seus vivos”(A saga da Amazônia de Vital Faria). Essa luta, esperamos, será vitoriosa. O pais florescerá no fulgor de seu povo multicolorido como nossas paisagens que enchem nossos olhos de encantamento. Valem as palavras de líderes sindicais nos dias sombrios do submetimento:
“Podem cortar uma, duas e todas as flores. Mas não poderão impedir a chegada da primavera”. A primavera já vai avançada. Junto com o sol primaveril queremos celebrar a vitória da maioria do povo, reelegendo Dilma Rousseff.
Se não puder ocorrer agora, oxalá ocorra, fica o desafio para o futuro. O que deve ser, tem força e chegará o dia, bendito dia, em que irá triunfar.

Os “sem água” de São Paulo – Na pele de Alckmin

Por Roberto Malvezzi (Gogó)
A nordestina que assistia televisão começa a chorar quando vê o sofrimento de uma mulher paulistana da periferia, com a pia cheia de pratos, o vaso sanitário cheio de outras coisas, há dois dias sem tomar banho e sem saber como lidar com essa penúria de água.
Essa história ouvi na cidade de Canudos nesse sábado passado, aqui no sertão da Bahia, local simbólico da luta nordestina pela terra e pela água. Quem me contou foi o Pe. Alberto, pároco da cidade, durante a romaria de Canudos que acontece todos os anos.
Não queria estar na pele de Geraldo Alckmin quando essa eleição passar. Quando os “sem água” saírem às ruas, como fizeram em Cochabamba (Bolívia), em Rosário (Argentina) ou em tantas cidades nordestinas em outras épocas, a classe política vai conhecer o que é a fúria popular causada pela sede. Como se diz aqui pelo sertão “a fome e a sede tem cara de herege”.
O sofrimento humano causado pela falta d’água se generaliza em todo o país. Primeiro como resultado de um processo histórico de degradação e maltrato para com nossos mananciais. Segundo pela incapacidade total de nossas autoridades que tem poder de decisão de ver o que acontece e tomar medidas preventivas contra o pior. Terceiro porque a questão eleitoral não permite o debate sério que a cidade de São Paulo e outras regiões do país – como o São Francisco – terão que tomar ao menos para sobreviver, causando até piedade de uma senhora nordestina que sabe o que é passar uma vida labutando por um pouco de água. Hoje, no sertão de Canudos, ela está muito melhor que a paulistana.
O sofrimento humano deveria gerar solidariedade, não preconceitos e raivas. Prefiro a sensibilidade da nordestina de Canudos que todos os discursos feitos nessa eleição contra o Nordeste e seu povo. A voz das redes sociais, então, mesmo vindo de médicos, advogados, políticos, intelectuais, etc., espelha o que há de pior no ser humano. A lágrima da nordestina o que há de melhor no Nordeste e no povo brasileiro.
Mas, Alckmin que se proteja. Basta um palito de fósforo e essa água pega fogo.